Os fatos sociais, de acordo com a sociologia e a antropologia, são as ideias que regulam o comportamento humano geradas pela sociedade e são externas ao indivíduo, coercitivas e coletivas. Trata-se, portanto, de comportamentos e pensamentos socialmente impostos pelo coletivo. Por exemplo: aplausos após uma apresentação, golpes de Estado, eleições.
Este conceito foi criado pelo sociólogo francês Émile Durkheim em 1895 e implica uma forma de modificação da interioridade de cada sujeito, forçando-o a sentir, pensar e agir de determinada maneira, de acordo com a comunidade.
Um sujeito pode, no entanto, se opor a este mandato coletivo, fortalecendo assim sua interioridade e individualidade, como fazem os artistas. No entanto, romper com os fatos sociais pode trazer consequências contra ele, como a censura das outras pessoas ou, dependendo da sociedade e do fato, a reprovação e a punição.
- Veja também: Normas de convivência
Tipos de fatos sociais
Um fato social pode ser classificado de acordo com três categorias:
- Morfológicos. Aqueles que estruturam a sociedade e ordenam a participação dos indivíduos em seus diversos ambientes.
- Instituições. Fatos sociais já contidos na sociedade e que são uma parte reconhecível da vida em sociedade.
- Correntes de opinião. Obedecem a modas e tendências que são mais ou menos efêmeras, ou que ganham mais ou menos força de acordo com o momento da coletividade, e empurram a sociedade para uma forma de subjetividade em relação a algo.
Estes fatos sociais são sempre conhecidos por todos os membros da coletividade, compartilhados ou não, e se posicionam em relação a eles, a favor ou contra, sem que tenham que ser discutidos previamente. Desta forma, o processo se retroalimenta: os fatos sociais influenciam as pessoas e as pessoas geram e condicionam a dinâmica social.
Finalmente, de um certo ponto de vista, todas as facetas da subjetividade humana: a linguagem, a religião, a moral e os costumes são fatos sociais que dão ao indivíduo um senso de pertencimento a uma coletividade.
Exemplos de eventos sociais
- Aplausos após uma apresentação. O comportamento social aprovado e promovido após um ato de alguma natureza é o aplauso coletivo, e este é um exemplo perfeito e simples de fato social. As pessoas presentes saberão quando e como aplaudir, sem que ninguém lhes explique na hora, simplesmente levadas pela multidão. Não aplaudir, por outro lado, seria visto como um gesto de desprezo pelo ato.
- Fazer o sinal da cruz católico. Entre a comunidade católica, fazer o sinal da cruz é uma parte aprendida e imposta do ritual, que não é realizado apenas no final da missa ou em momentos indicados pelo pároco, mas também ocorre em momentos-chave da vida cotidiana: na presença de más notícias, como um gesto de proteção diante de um acontecimento impressionante, e assim por diante. Ninguém deve lhes dizer quando fazer isso, é simplesmente parte de um sentimento aprendido.
- Os nacionalismos. O fervor patriótico, a devoção a símbolos patrióticos e outros comportamentos de amor à pátria são abertamente incentivados pela maioria das sociedades em resposta a um padrão subjacente de opinião de desprezo pelo próprio país. Ambas as vertentes, chauvinismo (amor excessivo pelo nacional) ou malinchismo (desprezo por tudo o que é nacional) são fatos sociais.
- As eleições. Os processos eleitorais são eventos sociais fundamentais para a vida republicana das nações e, portanto, são impostos pelos governos como um marco de participação política muitas vezes obrigatória. A não participação neles pode, mesmo que não implique sanções legais, ser condenada por outros.
- As manifestações ou protestos. Outra forma de participação organizada dos cidadãos são os protestos, que geralmente surgem da percepção de um indivíduo ou de um coletivo menor e, em seguida, se elevam para mobilizar e fortalecer o senso de comunidade das massas, às vezes levando-as a atos de temeridade (atirar pedras na polícia), expondo-se à repressão ou até mesmo violando leis (como em saques).
- As guerras e os conflitos armados. Um fato social importante na história humana são, infelizmente, as guerras e os conflitos. Estes estados transitórios de violência alteram todo o aparato social, jurídico e político das nações e forçam as sociedades a se comportarem de determinadas maneiras: marcial e restritiva, como no caso do exército, ou anárquica e egoísta, como no caso das populações presas em uma zona de conflito.
- Os golpes de Estado. As mudanças violentas de governo são condições externas aos indivíduos que, no entanto, impõem certos sentimentos, por exemplo, de alegria e alívio com a derrubada de um ditador, de esperança com a chegada ao poder de um grupo revolucionário ou de depressão e medo quando governos indesejados chegam ao poder.
- A violência urbana. Em muitos países com altos níveis de violência criminal, como México, Venezuela, Colômbia, etc., os altos índices de atividade criminal são um fato social, pois alteram a maneira como as pessoas sentem, pensam e agem, muitas vezes levando-as a posições mais radicalizadas e permitindo linchamentos de criminosos ou atitudes de violência igual àquela que eles rejeitam.
- A crise econômica. Os fatores de crise econômica, que alteram drasticamente a forma como as pessoas se relacionam comercialmente, são fatos sociais com profundo impacto sobre a emocionalidade (gerando depressões, frustrações, raiva), a opinião (procurando culpados, xenofobia) e a ação (votando em candidatos populistas, consumindo menos, etc.) das pessoas afetadas.
- O terrorismo. A ação das células terroristas nas sociedades organizadas tem um importante efeito radicalizador, que temos testemunhado na Europa no início do século XXI: o ressurgimento do nacionalismo de direita, o medo e o desprezo pelos estrangeiros, a islamofobia, enfim, vários sentimentos que são impostos ao indivíduo não só pelas ações violentas dos extremistas, mas também por todo o discurso midiático que os cerca.
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