Há diferentes tipos de contos que são classificados de acordo com a forma como são transmitidas ou de acordo com o gênero ao qual pertencem. Por exemplo: contos populares, contos de fantasia, contos de terror.
Os contos são narrativas curtas que contam histórias reais ou fictícias, com um narrador que pode estar na primeira, segunda ou terceira pessoa. Caracterizam-se por sua unidade temática (geralmente tratam de um único tema), unidade temporal (a história se passa em um curto espaço de tempo), unidade espacial (a história se passa em poucos espaços) e por ter um único conflito em torno do qual gira o enredo.
Na maioria dos casos, eles têm uma estrutura específica:
- Introdução. É o início e é a parte em que os personagens, o local e o contexto são apresentados. Em alguns casos, a introdução não apresenta o contexto diretamente, mas o leitor precisa deduzi-lo. Este tipo de início é chamado de “in media res”.
- Desenvolvimento. É a parte central do texto, pois apresenta-se um evento que complica a trama, um problema que os protagonistas têm de resolver.
- Desfecho. O problema é resolvido e, geralmente, a história volta ao normal. Algumas histórias podem terminar com um final aberto.
- Veja também: Texto narrativo
Tipos de contos de acordo com sua transmissão
De acordo com a sua transmissão e por quem são contados, os contos podem ser:
- Contos populares. São histórias anônimas que são transmitidas de geração em geração oralmente (embora em alguns casos sejam escritas) e podem ter mais de uma versão. Por exemplo: “Os Três Porquinhos”.
- Contos de autor. São narrativas que têm uma associação direta com um autor, são transmitidas de forma escrita (geralmente em livros de papel) e têm apenas uma versão. Por exemplo: “A Casa de Asterion”, de Jorge Luis Borges.
Tipos de contos de acordo com o gênero
Há diferentes tipos de gêneros, que determinam a estrutura do conto. Há contos que podem ter características de dois ou mais gêneros ou podem ter diferentes nuances, por exemplo, uma nuance melancólica ou uma nuance cômica.
- Contos fantásticos. São narrativas em que há um evento que rompe com as leis causais da realidade da história. Este evento é percebido pelos personagens como inexplicável e, portanto, não é feita nenhuma tentativa de explicá-lo com raciocínio lógico. Por exemplo: “O Feiticeiro Adiado”, de Jorge Luis Borges.
- Contos maravilhosos. São narrativas em que o mundo é governado por leis diferentes das leis naturais, por exemplo, um mundo em que a magia é uma ocorrência cotidiana. Portanto, todos os eventos que ocorrem não são considerados inexplicáveis pelos personagens. Um subgênero dos contos maravilhosos são os contos de fadas. Por exemplo: “Cinderela”.
- Contos realistas. São histórias cujo objetivo é representar algo da realidade, como o funcionamento da sociedade, as desigualdades sociais e as maneiras pelas quais as pessoas percebem o mundo. Em alguns casos, estas histórias funcionam como denúncia política ou social. Por exemplo: “Paco Yunque”, de César Vallejo.
- Contos de terror. São narrativas que têm a intenção de causar medo ou pavor no leitor. Nestes contos, geralmente, aparecem personagens sobrenaturais ou sinistros que são responsáveis pelos eventos aterrorizantes. Por exemplo: “Berenice” de Edgar Allan Poe.
- Contos policiais. São narrativas em que há um crime ou um evento misterioso que precisa ser solucionado. Uma particularidade deste tipo de narrativa é que geralmente há um personagem que resolve o mistério, ou seja, o detetive. Por exemplo: “Os Três Estudantes”, de Arthur Conan Doyle.
- Contos de ficção científica. São narrativas cuja realidade ou eventos estão relacionados a hipóteses ou avanços científicos. Geralmente, há elementos tecnológicos, como robôs, ou outras formas de vida que avançam no enredo da história. Além disso, as histórias geralmente se passam em cenários distópicos, ou seja, mundos que estão em um estado de devastação. Por exemplo: “Não tenho boca e preciso gritar”, de Harlan Ellison.
Exemplos de tipos de contos
- Conto popular. “O Patinho Feio” (anônimo). Este conto tradicional narra a história de um patinho que era ridicularizado pelos outros patos por ser diferente dos demais. Um dia, o patinho decide migrar para outro lugar, onde vê patos que se parecem muito com ele. Ao se aproximar destas aves, elas lhe explicam que ele não era um patinho, mas um cisne. Finalmente, o patinho encontra outras aves com as quais vive feliz.
- Conto popular. “O Gato de Botas” (anônimo). Este conto tradicional narra a história de um homem que morre e deixa vários objetos de herança para seus filhos. O filho mais novo herda um gato, que logo começa a falar e a demonstrar grande inteligência. O conto narra as aventuras desse gato que derrota o ogro do reino e faz com que o homem se case com a princesa.
- Conto de autor. “A Continuidade dos Parques”, de Julio Cortázar. Este conto narra a história de um homem que está lendo um romance em uma poltrona. No romance, há duas pessoas que concordam em assassinar um homem solitário em uma poltrona. O final do conto é muito surpreendente, pois mistura a história do homem e a história que está dentro do romance.
- Conto de autor. ”O Nadador”, de John Cheever. Este conto narra a história de um homem que quer chegar em casa passando por todas as piscinas da vizinhança. Ao longo de seu caminho, o homem envelhece, mas a temporalidade não se desloca para o presente, mas para o passado. Seus vizinhos ficam mais jovens e não o reconhecem. O conto termina com uma reviravolta inesperada e é uma história com uma forte crítica social.
- Conto fantástico. “O Horla”, de Guy de Maupassant. Este conto narra a história de um homem que se sente fisicamente cada vez pior com o passar dos dias. Em um determinado momento, percebe que em seu quarto há um ser estranho que consome sua vida, então o homem foge de sua casa. Além de ser um conto fantástico, é também um conto de terror, pois há partes que são escritas de forma a gerar medo no leitor.
- Conto maravilhoso. “Branca de Neves e os setes anões” (anônimo). Este conto maravilhoso narra acontecimentos sobrenaturais que são considerados parte da realidade cotidiana. A madrasta da Branca de Neve envenena a jovem com uma maçã, pois tem inveja do fato de a jovem ser a mulher mais bonita do reino. No entanto, Branca de Neve não morre, mas encontra asilo na casa de alguns anões que cuidam dela até que ela encontre o príncipe.
- Conto realista. “Los mensú” de Horacio Quiroga. Este conto narra a história de dois homens brasileiros que vivem no norte da Argentina e trabalham em condições muito ruins. Um dia, eles planejam voltar ao Brasil para passar seus últimos anos em sua terra natal. A história funciona como uma crítica às condições de trabalho em algumas áreas rurais.
- Conto de terror. “O Caçador”, de John Collier. Este conto narra a história de um homem que vai a um feiticeiro para pedir uma poção do amor. O feiticeiro dá a ele sem pedir nada em troca. O homem usa a poção, mas a mulher não se apaixona por ele, mas fica obcecada. O homem então volta ao feiticeiro para pedir uma poção para resolver esse problema. Desta vez, o feiticeiro estabelece um preço alto. É um conto de terror que deixa uma moral: o amor não pode ser comprado.
- Conto policial. “A música” de Ricardo Piglia. Este conto narra a história de um caso investigado pelo comissário Croce. O comissário descobre que houve um crime e que há um réu, Pesic, um iugoslavo que não fala espanhol. O comissário percebe que o homem é inocente, mas, como o acusado não fala espanhol, sua inocência não pode ser provada e ele é preso. A única coisa que Croce pode fazer pelo detido é lhe dar um acordeão para que ele não se sinta tão solitário.
- Conto de ficção científica. “F de Foguete”, de Ray Bradbury. Este conto de Ray Bradbury, publicado em 1950, narra a história da família Bodoni, ambientada em um futuro em que as pessoas podem viajar para diferentes planetas como turistas, embora isso seja muito caro para elas. Com muito esforço, o pai consegue juntar o dinheiro para que um membro da família possa viajar, mas quando ele propõe a viagem, ninguém quer ir sozinho. Então, ele decide gastar suas economias em um modelo de foguete e, secretamente, constrói uma réplica em escala real, com uma cabine de comando e telas. Ele leva seus filhos em uma viagem convincente a Marte, da qual eles dizem que se lembrarão para sempre, embora seja uma simulação, pois o foguete é um modelo que nunca saiu do chão.
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