20 Exemplos de
Anáfora (como elemento sintático)

Uma anáfora, em gramática, é o uso de um elemento sintático para nos referir a uma expressão previamente mencionada no discurso. Por exemplo:

  • Paulo não foi à festa. Ele estava fazendo serão no trabalho. O pronome ele faz referência a Paulo, termo já mencionado na oração.
  • Mariana não sabe nada, ela não esteve nesse dia. O pronome ela faz referência à Mariana, termo já mencionado na oração.

Atenção: Não devemos confundir a anáfora como recurso gramatical com a anáfora como figura de linguagem, que consiste na repetição de uma ou mais palavras no início de um verso ou de uma oração para produzir determinado efeito expressivo ou estético. Por exemplo: É pau, é pedra, é o fim do caminho/É um resto de toco, é um pouco sozinho/É um caco de vidro, é a vida, é o sol/É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol (Tom Jobim, fragmento de Águas de março).

Os elementos anafóricos têm a função de evitar a permanente repetição de palavras em um discurso. Por exemplo: Quando ver seu irmão, diga que quero falar com ele. O pronome ele remete ao termo irmão. A mesma frase sem as anáforas seria redundante: *Quando ver seu irmão diga que quero falar com o seu irmão.

A anáfora é um dos processos de coesão textual mais utilizados, ou seja, as formas que escolhemos para que um discurso possa ser entendido como uma unidade. As relações anafóricas podem ocorrer dentro de uma mesma oração ou entre orações diferentes. Por exemplo:

  • O jovem mudou seus hábitos de um dia para o outro.
  • O jovem mudou de um dia para o outro. Seus hábitos nunca voltaram a ser os mesmos.

Para lembrar: A anáfora se diferencia da catáfora, que é o uso de um termo em substituição de outro que ainda não foi mencionado no discurso. Por exemplo: Só desejo isto: que você seja muito feliz.

Tipos de anáforas

  • Anáfora por pronominalização: É o tipo mais comum de anáfora. Acontece quando um pronome (pessoal ou demonstrativo) retoma um sintagma nominal. Por exemplo: Com 800 milhões de usuários em seu Facebook, o americano Mark Zuckerberg é o homem mais poderoso da internet. Há alguns dias ele mudou as regras da sua rede social.
  • Anáfora correferencial (ou direta): Corresponde às expressões anafóricas que retomam uma mesma referência anterior, através de uma repetição, de elipse e de uma substituição. Por exemplo: O problema é que não temos dinheiro para investir na empresa. Isto é preocupante.
  • Anáfora não correferencial (ou indireta): No discurso, apresenta uma parte de informação antiga e uma parte de informação nova, garantindo, dessa forma, a continuidade e a novidade. Exemplo: Mark Zuckerberg criou o Facebook quando ainda estava na universidade de Harvard. O jovem nerd, o gênio precoce da informática, nem imaginava o quanto a sua criação seria popular hoje em dia.
  • Anáfora não correferencial associativa: É uma relação de termos que não tem por base a de correferência, mas sim de implicação (subentendido, implícito) entre os lexemas. O objetivo da segunda aparição não é evocado, mas somente implicado pela primeira aparição. Por exemplo: Hoje, pela manhã, na esquina da Av. Paulista com a Av. Getúlio Vargas, aconteceu um grave acidente de carro. Os feridos foram imediatamente encaminhados ao hospital de Pronto Socorro.
  • Anáfora por nominalização: Preenche funções que atribui novas categorias aos segmentos do discurso que precede, condensando as informações em um valor resumitivo ou possibilitando uma mudança de categoria gramatical quando o antecedente é um predicado e o elemento anafórico provém de um grupo de verbo ou de um grupo de adjetivos. Por exemplo: Por causa da chuva intensa, o prefeito da cidade convocou os moradores a ajudar doando comidas e roupas aos desabrigados. A iniciativa estimulou várias pessoas a irem até a prefeitura para doar.

Exemplos de anáfora como elemento sintático

Nos exemplos a seguir, as anáforas estão marcadas em negrito e os termos a que se referem estão sublinhados.

  1. O hotel onde eu estive hospedado fica perto da praia.
  2. O professor está na escola, porque eu o vi estacionar o carro.
  3. Uma mulher comprou um buquê deflores. Estas murcharam rapidamente sem explicação.
  4. O governo não atendeu aos protestos dos trabalhadores. Isto provocou uma greve geral.
  5. O prazo para se inscrever é até amanhã e eu ainda não terminei o projeto. É uma coisa que me preocupa.
  6. Disseram para que aceitasse o dinheiro em troca de seu silêncio. Isso foi o que propuseram a ele.
  7. Vai para casa e espera que te liguem da empresa. Foi o que disseram a ele.
  8. O homem é o animal mais perigoso do mundo. Ele é capaz de produzir armas de destruição em massa em questão de segundos.
  9. Febre, cansaço e tosse seca: esses são os principais sintomas apresentados por uma pessoas com covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus.
  10. Luciana não foi à missa hoje. Ela estava com febre alta.
  1. Geovana e Flávia são muito estudiosas. Elas têm ótimas notas.
  2. O povo descia a ladeira em procissão para a igreja. Eles suavam no calor intenso.
  3. Eu assisto o Bom Dia Brasil, eu cheguei a assistir duas vezes para criticar como é que os jornalistas tão trabalhando.
  4. Ninguém deve comprar imóvel sem antes fazer pesquisa. Ninguém.
  5. João está doente. Vi-o hoje no hospital.
  6. Banana, chocolate, farinha, ovo e leite: esses foram os ingredientes que utilizei para fazer o bolo.
  7. Só conseguiu escrever o pequeno verso: esse era sobre o Natal.
  8. O meu vestido preferido é o verde: este vestido é o mais bonito de todos.
  9. Carla tem um novo cachorro. O animal é muito hiperativo.
  10. A sala de aula está degradada. As cadeiras estão riscadas. Os mapas, rasgados.

Referências

  • FIGUEIREDO, Olívia M. F. Gonçalves. A anáfora nominal em textos de alunos: a língua no discurso. Edição Fundação Calouste Gulbenkian, Fundação para a ciência e a tecnologia. Distribuição Dinalivros, 2003.

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Zambra, Cristina. Anáfora (como elemento sintático). Enciclopédia de Exemplos, 2023. Disponível em: https://www.ejemplos.co/br/anafora-como-elemento-sintatico/. Acesso em: 26 de novembro de 2024.

Sobre o autor

Autor: Cristina Zambra

Licenciada em Letras: Português e Literaturas da Língua Portuguesa (UNIJUÍ).

Revisado por: Márcia Killmann

Licenciatura em letras (UNISINOS, Brasil), Doutorado em Letras (Universidad Nacional del Sur).

Data de publicação: 23 de junho de 2023
Última edição: 4 de agosto de 2023

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