10 Exemplos de
Citações diretas

Uma citação direta é uma forma de incluir em um texto próprio as palavras de outro texto literalmente, ou seja, sem qualquer tipo de modificação. Por exemplo: “A originalidade é pois o preço que se deve pagar pela esperança
 de ser acolhido (e não somente compreendido) por quem nos lê” (Barthes, 2007, p.19).

As citações diretas costumam ser usadas em redações, teses, monografias e em todos os tipos de trabalhos acadêmicos, já que permitem extrair ideias de outros textos para discuti-las ou reforçar nosso ponto de vista.

Para fazer referência ao discurso alheio, há certas marcas formais que permitem que o leitor identifique que está lendo palavras que foram retiradas de outros textos. Além disso, são fornecidas as informações necessárias para que seja possível voltar à fonte original da citação.

Sempre devemos indicar com clareza de onde foi tirada a citação e diferenciar entre nossa própria voz e a de outros. Caso contrário, cometeremos plágio, que é uma forma de desonestidade intelectual que pode levar a problemas e sanções.

Para considerar: Tanto as citações diretas quanto a bibliografia final de um texto costumam ser elaboradas seguindo modelos metodológicos padronizados. Os mais difundidos atualmente são os padrões APA (American Psychological Association) e MLA (Modern Language Association). No Brasil, usamos a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), cuja função é estabelecer padrões para textos técnicos, acadêmicos e científicos.

Como fazer uma citação direta?

As normas da ABNT determinam que as citações devem incluir uma referência entre parênteses com as seguintes informações:

  • Sobrenome do autor. É a primeira informação fornecida para identificar a fonte do texto. Pode aparecer dentro da sentença, por exemplo: Bettelheim (2002, p. 11) sustenta que “Ademais, o conto de fadas
     oferece soluções sob formas que a criança pode apreender no seu nível de compreensão.”
    Também pode aparecer entre parênteses, por exemplo: “Ademais, o conto de fadas oferece soluções sob formas que a criança pode apreender no seu nível de compreensão” (Bettelheim 2002, p. 11).
  • Ano de publicação do texto. É especialmente importante caso haja vários textos citados pelo mesmo autor, pois eles podem ser distinguidos por ano. Se houver mais de um texto do mesmo ano, serão diferenciados com o acréscimo de uma letra minúscula após o número e sem espaços, começando com a (por exemplo, 2004a).
  • Número de páginas citadas. Na maioria das vezes, são precedidas pelas abreviações p. ou pp. (dependendo de se tratar de uma página ou mais). No caso de várias páginas consecutivas, a primeira e a última página são citadas, separadas pela meia-risca (por exemplo: pp. 12–16). No caso de mais de uma página, mas descontínua, são usadas vírgulas (por exemplo: pp. 12, 16).

Então, uma citação direta curta ficaria assim: Considerando que “foi descrito e catalogado cerca de um milhão de espécies de insetos, mas estima-se que exista um número dez vezes maior” (Deutsch, 2009. p. 135), é evidente que ainda há muito trabalho para se obter um inventário completo da fauna do planeta.

Para considerar: Os dados fornecidos entre parênteses em uma citação direta devem sempre se referir à bibliografia, onde podem ser encontradas as referências completas de todos os textos.

Tipos de cita textual

Dependendo do tamanho das citações, pode-se fazer a seguinte distinção:

  • Citações curtas (com até 3 linhas). Devem ser incorporadas ao texto, sem interromper seu fluxo ou layout. São enquadradas entre aspas (que indicam o início e o fim da citação) e acompanhadas de uma referência com os dados bibliográficos do texto original que podem estar dentro da sentença (sobrenome do autor e logo entre parênteses o ano de publicação e páginas) ou entre parênteses. Estes dados são citados na íntegra na bibliografia.
  • Citações longas (com mais de 3 linhas). Devem ser colocadas em um parágrafo independente, separado da margem esquerda da página com um recuo padronizado, maior do que o corpo do texto e em uma fonte menor e espaço simples. Nesse caso, as aspas não são necessárias. Após a citação, os dados bibliográficos correspondentes devem ser incluídos.

Em ambos os formatos de citação, os elementos podem ser colocados em ordem diferente, dependendo se a ênfase está no autor ou na própria citação:

  • Citação direta com ênfase no autor. Por exemplo: Neste artigo, afirmamos, como diz Di Tullio (2003, p. 29), que “a identidade linguística vem da língua materna”.
  • Citação direta entre parênteses, com ênfase no conteúdo. Por exemplo: Neste artigo, afirmamos que “a identidade linguística vem da língua materna” (Di Tullio, 2003, p. 29).

Exemplos de citações textuais

Exemplos de citações textuais curtas

  1. Como podemos ver na pesquisa de Foucault (2001, p. 45), a noção de loucura é parte integrante da razão, dado que “não há civilização sem loucura”.
  2. Se analisarmos a literatura francesa antes da revolução, veremos que “a literatura clandestina formava um mundo próprio, um setor especial do comércio de livros”(Darnton, 2008, p. 51).
  3. Nesse sentido, convém recorrer à psicanálise: “A doutrina do ser se manifesta como resultado da introjeção [castração] da linguagem no indivíduo” (Tournier, 2000, p. 13).
  4. É o que Elena Vinelli afirma no prólogo da obra, quando argumenta que “é a construção sociocultural do gênero que diferencia a subjetividade feminina da masculina” (2000, p. 5), dando-nos um panorama do semblante feminista que subjaz ao romance de Sara Gallardo.
  5. Não se pode esperar muito mais dessas pesquisas, exceto “o breve desencanto de esbarrar em uma verdade insuspeitada”, como Evers (2005, p. 12) afirma em seu famoso diário de pesquisa.

Exemplos de citações textuais longas

  1. Andrade (2019, p. 140) diz que

Nenhum conhecido sobre a terra não sabia nem falar na fala da tribo nem contar aqueles casos tão pançudos. Quem que podia saber do herói?
Agora os manos virados na sombra leprosa eram a segunda cabeça do Pai
do Urubu e Macunaíma era a constelação da Ursa Maior. Ninguém jamais não podia saber tanta história bonita e a fala da tribo acabada. Um silêncio
imenso dormia à beira-rio do Uraricoera.

  1. Refletindo sobre a questão da ética médica, o autor afirma que:

A reflexão sobre o bem e o mal, que a princípio parece reflexão dicotômica obsoleta, não nos pode fugir porque o processo social tem nas ações humanas seus elementos básicos. Os atos humanos compreendem o valor da escolha, as necessidades e possibilidades historicamente construídas. É da relação entre os atos particulares dos indivíduos e a sociedade que surge a exigência de avaliação, a preocupação tanto com as escolhas quanto com as consequências das condutas humanas. Esta necessidade de apreciação é o terreno da ética (Paes de Barros De Luccia, 2010, p. 330).

  1. A escrita constitui um ponto de encontro e desacordo entre as visões mais positivas e mais românticas do ato literário. Nesse sentido, a distinção feita por Sontag (2000, p. 7) é útil:

Aqui está a grande diferença entre ler e escrever. A leitura é uma vocação, um ofício no qual, com a prática, estamos destinados a nos tornar cada vez mais habilidosos. O que você acumula como escritor são sobretudo incertezas e preocupações.

  1. Esse conceito de “devir” pode ser encontrado em toda a obra do filósofo. No entanto, sua elucidação parece ser uma questão complicada:

Devir nunca é imitar, nem fazer como, nem se adaptar a um modelo, seja ele o da justiça ou o da verdade. Nunca há um termo do qual se possa partir, ou ao qual se possa chegar ou ao qual se possa chegar. Tampouco há dois termos que sejam intercambiáveis. A questão “o que tu devens?” é particularmente estúpida, dado que à medida que alguém devém, aquilo que devém muda tanto quanto ele mesmo […]. Acabaram-se as máquinas binárias: pergunta-resposta, masculino-feminino, homem-animal, etc. (Deleuze, 1980, p. 6).

  1. Na mesma linha, na correspondência entre Sigmund Freud e Albert Einstein, é possível ler o seguinte:

É o senhor muito mais jovem do que eu, e posso esperar que, quando chegar à minha idade, esteja entre meus “apoiadores”. Como não estarei neste mundo para ver com meus próprios olhos, só posso antecipar essa satisfação agora. Já sabe o que penso agora: “Antecipando orgulhosamente tão alta honra, agora desfruto…” [Esse fragmento é uma citação do Fausto de Goethe]. Cordialmente e com invariável admiração e respeito, Sigmund Freud (1932, p. 5).

Sinais especiais

As citações diretas podem conter alguns dos seguintes sinais, abreviações ou caracteres especiais:

  • Colchetes. O aparecimento de colchetes no meio de uma citação curta ou longa de um texto significa que isso não faz parte da citação, mas pertence ao pesquisador, que é obrigado a esclarecer ou acrescentar algo para que o texto citado possa ser entendido corretamente.
  • Ibid. o ibidem. Essa expressão latina significa “no mesmo lugar” e é usada em alguns sistemas de referência para indicar ao leitor que uma citação direta pertence ao livro citado imediatamente antes, a mesma obra, do mesmo autor.
  • Op. cit. Essa locução latina significa “obra citada” e é usada nos casos em que há apenas um texto consultado de um autor que é citado várias vezes, de modo que os dados bibliográficos não são mencionados novamente e apenas o número da página é variado.
  • Et al. Esta abreviação em latim significa “e outros” e é usada para obras com vários autores, demasiados para serem listados em sua totalidade, ou seja, quando tenha mais de três autores. Assim, o sobrenome do primeiro autor é citado e acompanhado por essa abreviação.
  • Reticências entre parênteses (…) ou colchetes […]. O aparecimento desses sinais no meio de uma citação curta ou longa indica ao leitor que parte do texto original foi omitida da citação.

Qual é a diferença entre uma citação direta e uma paráfrase?

A paráfrase é uma forma de citar a ideia de outra pessoa de maneira não literal. Diferentemente de uma citação, que é um empréstimo do texto original que não é modificado de forma alguma, uma paráfrase é uma reinterpretação do pensamento de outra pessoa, expressa nas palavras do autor que a utiliza.

Nesse caso, alguém lê as ideias de outro autor e depois as explica em seus próprios termos. Geralmente é parafraseado para resumir o que outra pessoa disse ou para torná-lo mais compreensível. Assim como nas citações diretas, a autoria do texto original deve ser respeitada com a inclusão da referência apropriada. Por exemplo:

Como já foi dito em vários livros sobre física quântica, as leis absolutas do universo, com as quais o homem moderno pretendia explorá-lo e compreendê-lo, revelam-se muito mais flexíveis e relativas (Einstein, 1960) do que se supunha.

Como citar?

Citar a fonte original da qual extraímos as informações serve para dar crédito aos respectivos autores e evitar cometer plágio. Além disso, permite que os leitores acessem as fontes originais que foram utilizadas em um texto para verificar ou ampliar as informações, caso necessitem.

Para citar de forma adequada, recomendamos o uso das normas ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), que é uma entidade privada, sem fins lucrativos, usada pelas principais instituições acadêmicas e de pesquisa no Brasil para padronizar as produções técnicas.

As citações ou referências aos nossos artigos podem ser usadas de forma livre para pesquisas. Para citarnos, sugerimos utilizar as normas da ABNT NBR 14724:

Ribas, Natalia. Citações diretas. Enciclopédia de Exemplos, 2024. Disponível em: https://www.ejemplos.co/br/citacoes-diretas/. Acesso em: 30 de outubro de 2024.

Sobre o autor

Autor: Natalia Ribas

Licenciada em Letras (Universidad de Buenos Aires).

Traduzido por: Márcia Killmann

Licenciatura em letras (UNISINOS, Brasil), Doutorado em Letras (Universidad Nacional del Sur).

Data de publicação: 29 de abril de 2024
Última edição: 29 de abril de 2024

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