Um diálogo é um intercâmbio verbal entre duas ou mais pessoas. Chama-se assim tanto a sua forma escrita como a qualquer tipo de comunicação oral da vida quotidiana em que se alterne o uso da palavra entre um falante e um ouvinte. Por exemplo:
— Olá, poderia me dizer as horas?
— Sim, são quatro e meia.
— Obrigado!
— De nada.
A extensão, o tema e o estilo de um diálogo são geralmente definidos pelo contexto em que a comunicação ocorre e pelos participantes envolvidos. Deste modo, os diálogos podem ser orais ou escritos, formais ou informais, espontâneos ou organizados previamente. Por exemplo: uma conversa entre dois amigos, uma conversa entre dois personagens de um romance, uma entrevista de emprego, uma consulta médica, um debate, um chat.
Para lembrar: Na escrita, cada diálogo começa em uma linha separada. É introduzido com um espaço seguido de um travessão (—) e fechado com um ponto. No caso de aparecer um esclarecimento do narrador, continua-se na mesma linha e também se usa o travessão para introduzi-lo com espaço entre travessão e palavra. Em contrapartida, nos diálogos teatrais, cada parlamento é precedido pelo nome do personagem que fala, seguido de dois pontos.
Os diálogos orais ocorrem constantemente na vida cotidiana e são nossa principal forma de comunicação. Costumam ser acompanhados de expressões, gestos, entonações, silêncios, entre outros elementos, que complementam a mensagem verbal.
Também é possível encontrar diálogos escritos em diversas formas de literatura, como em contos e novelas, intercalados na narração. Nos gêneros narrativos, os diálogos são os momentos em que os personagens tomam a palavra. Por outro lado, no gênero dramático, os atores executam oralmente os diálogos que estão escritos no roteiro e o mesmo ocorre no cinema e na televisão.
Atenção: Fique atento pois o travessão (—), o meia-risca (—) e o hífen (-), apesar de parecidos, apresentam usos diferentes: enquanto o travessão é usado para diálogos e para isolar palavras ou frases, o meia-risca é utilizada para unir intervalos de letras e números e o hífen para separar elementos de termos compostos, para dividir sílabas, para separar elementos na conjugação verbal.
- Veja também: Funções da linguagem
Exemplos de diálogos curtos
Diálogo no supermercado
— Olá, Martina!
— Olá, Ricardo! Quanto tempo! Que coincidência nos encontrarmos no supermercado, não?
— Sim, realmente. Como você esteve todos esses anos? Eu pensei que estava morando fora do país.
— Sim! Vivi muitos anos na França, mas há alguns meses voltei para ficar. Por que não aproveitamos este encontro e marcamos uma janta um dia destes?
— Ótima ideia. Terça-feira? Pode ser?
— Perfeito, estou livre. Te dou o meu número para combinar o horário e o lugar, está bem?
— Sim, está bem. Que alegria te encontrar de novo! Vejo você na terça-feira então.
— Isso mesmo, temos que colocar a conversa em dia. Nos vemos em breve! Tchau!
Diálogo no cinema
— Desculpe, esse é o meu lugar.
— Tem certeza?
— Sim, minha passagem diz fila 6, poltrona 12. É essa mesmo.
— Desculpe, tinha visto mal a minha poltrona. A minha é a 2. Já saio da sua poltrona.
— Muito obrigado.
— De nada. Até logo.
Diálogo entre uma mãe e seu filho
— Onde você esteve? — disse a mãe assim que entrou na casa.
— Na casa de um amigo — respondeu ele sem vontade.
— Que amigo é esse?
— A senhora não conhece. Por favor, foi um dia muito difícil, preciso ir para a cama — disse o jovem com suas últimas forças.
— Esta conversa não acabou.
— Já sei. — e entrou em seu quarto batendo a porta.
Diálogo de A tragédia de Macbeth, de William Shakespeare (tradução de Rafael Rafaelli)
ATO 3 – CENA II
O palácio. Entram LADY MACBETH e um CRIADO.
LADY MACBETH — Banquo saiu da corte?
CRIADO — Sim, senhora, mas à noite estará de volta.
LADY MACBETH — Vá dizer ao rei que espero que ele me dê espaço para um breve recado.
CRIADO — Assim o farei, senhora.
Sai.
Diálogo entre Chapeuzinho Vermelho e sua mãe
— Chapeuzinho! — a mãe chamou da cozinha.
— Estou aqui! — respondeu a menina.
— Preciso te pedir um favor. Sua avó está doente e quero lhe enviar esta cesta com alguns alimentos para que ela possa se recuperar.
— Quer que eu leve a cesta à vovó? — entendeu rapidamente Chapeuzinho.
— Exatamente.
— Que legal! Eu adoro visitar a vovó!— comemorou a menina.
— Que bom. Ela também adora te receber. Toma — disse a ela, enquanto lhe entregava a cesta.
— Estou indo agora mesmo!
— Obrigada! Lembre-se de seguir o caminho de sempre e não falar com nenhum desconhecido — advertiu a sua mãe.
— Não se preocupe, terei muito cuidado. Até logo, mamãe! — disse já fora de casa, enquanto saia saltando.
Diálogo em um ônibus
— Bom dia, senhor.
— Bom dia.
— Preciso perguntar uma coisa. Este ônibus vai até o centro da cidade?
— Sim, serão uns vinte minutos de viagem daqui. É o final do percurso.
— Perfeito! Quanto custa a passagem?
— São 4,20 reais.
— Aqui está. Muito obrigado.
— De nada, tenha uma boa viagem.
Diálogo de Um apólogo de Machado de Assis
Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:
— Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?
— Deixe-me, senhora.
— Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça.
— Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros.
— Mas você é orgulhosa.
— Decerto que sou.
— Mas por quê?
— É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu?
— Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora que quem os cose sou eu, e muito eu?
— Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos babados…
Diálogo na padaria
— Bom dia.
— Bom dia. Como posso ajudá-la?
— Preciso de dois quilos de pão, por favor.
— Dois quilos de pão. Aqui estão. Alguma coisa mais?
— Nada mais. Quanto lhe devo?
— Trinta reais.
— Aqui está.
— Muito obrigado. Boa tarde.
— Boa tarde.
Diálogo de Dona Francisquita. Comédia lírica em três atos, textos de Federico Romero e Guillermo Fernández Shaw
Fernando — Senhorita…
Francisquita — Cavalheiro…
Fernando — Que os detenha, perdoem.
Mãe de Francisquita — O que é, Francisca?
Francisquita — Nada, mãe. O lenço que me dá. Esperem, não sei se é meu.
Fernando — De que é vosso eu dou fé.
Francisquita — Está um pouco descosturado?
Fernando — Em efeito.
Francisquita — Por acaso, é de renda?
Fernando — Sim, eu confio em vocês.
Francisquita — É o meu.
Fernando — E um efe.
Francisquita — Francisca, quer dizer.
Fernando — É muito bonito!
Francisquita — Ainda que os sinais coincidam com meu lenço bordado, se alguma dama perguntar se vocês o encontraram, diga-lhes que aqui vive a viúva de Coronado e que sua filha o tem para sua dona guardado.
Fernando — Percam, minha senhora, cuidado.
Francisquita — Tchau!
Fernando — Tchau!
Diálogo por telefone com uma pizzaria
— Olá, queria pedir uma pizza grande de muçarela.
— Boa noite. Sim, claro, para qual endereço envio?
— Rua Garibaldi, 4525, 4º andar, apartamento C.
— São 600 reais. Com quanto vai pagar?
— Com 1000 reais.
— Está bem, eu mando o troco.
— Quanto tempo demora, aproximadamente?
— Cerca de 40 minutos.
— Excelente, muito obrigado. Boa noite.
— Boa noite, obrigado pelo seu pedido.
Diálogo de Don Juan e a Morte, de Luis Fernando Veríssimo
Quando a mulher revelou que era a Morte e que viera buscá-lo, Don Juan não pulou da cama nem tentou fugir. Apenas sorriu e disse:
— Eu deveria ter desconfiado.
— Por quê? — perguntou a Morte.
— Porque nenhuma mulher tão linda se entregaria a mim tão facilmente, se não fosse uma armadilha.— Mas você não é um sedutor famoso? Um homem irresistível?
— Sim, mas na minha experiência, quanto mais linda a mulher, mais difícil a sedução. E com você não precisei usar nenhum dos meus truques. Nem meu olhar de desatar espartilhos, nem os versos que orvalham o portal do amor antes mesmo do meu primeiro toque… Você é a mulher mais bonita que já conheci, mas bastou dizer “vem” e você veio. Eu deveria ter desconfiado.
— Eu talvez tenha me precipitado, ao ceder tão facilmente. Gostaria de ouvir seus versos, que também são famosos. Se eu tivesse resistido um pouco mais…
Diálogo de O homem de cabeça de papelão, de João do Rio
TIO — Ouça! Bacharel é o princípio de tudo. Não estude. Pouco importa! Mas seja bacharel! Bacharel você tem tudo nas mãos. Ao lado de um político-chefe, sabendo lisonjear, é a ascensão: deputado, ministro.
ANTENOR — Mas não quero ser nada disso.
TIO — Então quer ser vagabundo?
ANTENOR — Quero trabalhar.
TIO — Vem dar na mesma coisa. Vagabundo é um sujeito a quem faltam três coisas: dinheiro, prestígio e posição. Desde que você não as tenha, mesmo trabalhando, é vagabundo.
ANTENOR — Eu não acho.
TIO — É pior. É um tipo sem bom senso. É bolchevique. Depois, trabalhar para os outros é uma ilusão. Você está inteiramente doido.
Diálogo entre pessoas desconhecidas
— Desculpe.
— Sim, diga.
— Não viu por aqui um cachorro preto?
— Passaram vários cachorros esta manhã.
— Procuro um que tem uma coleira azul.
— Ah, sim, vi ele indo em direção ao parque, há pouco.
— Estou indo para lá! Muito obrigado, até logo.
— Até logo.
Diálogo entre amigos
— João: De quem é este guarda-chuva?
— Não sei, não é meu.
— Alguém esqueceu um guarda-chuva no corredor?
— Alberto: Eu não.
— Diana: Eu não.
— João: Então quem o deixou?
— Ana: Margarita esteve aqui mais cedo. Provavelmente é dela.
— Vou ligar para ela e avisar que está aqui.
Diálogo em um escritório
— Bom dia.
— Bom dia, em que posso ajudá-lo?
— Estou procurando o escritório de admissão para deixar uma documentação, sabe onde fica?
— Sim, claro. Tem que subir ao primeiro andar, virar à direita e a última porta do corredor é a que o senhor procura.
— Ótimo, muito obrigado.
— Devo avisá-lo, mesmo assim, que o escritório de admissão só abre ao meio-dia…
— Ah, não sabia. Bem, volto mais tarde então. Muito obrigado!
— Não precisa agradecer. Tenha um bom dia.
— Igualmente!
Diálogo por telefone entre conhecidos
— Olá?
— Olá, sou o Mariano.
— Olá, Mariano, como está?
—Bem, obrigado. Poderia falar com a Julia? Não consigo me comunicar pelo celular.
— Ela me disse que o celular dela ficou sem bateria. Vou te passar ela.
— Muito obrigado.
— De nada. Tchau.
Diálogo por telefone com um consultório médico
— Consultório do doutor Ramires, bom dia.
— Bom dia, precisava marcar uma consulta com o doutor o mais rápido possível.
— Quais dias pode vir?
— Poderia ser segunda, quarta ou sexta.
— O doutor tem uma hora livre na próxima quarta-feira às 8h.
— Está bem, pode ser.
— Pronto, já está agendado. Não se esqueça de trazer os exames prévios.
— Ah! Obrigado por me lembrar.
— Não tem de quê. Tenha um bom dia!
— Muito obrigado à senhora e nos vemos na quarta-feira.
Diálogo entre uma mãe e sua filha
— Mãe, hoje na escola pediram para nós levarmos um dicionário.
— Bom, filha, depois digo ao seu pai que compre um quando estiver vindo para a casa. Pediram mais alguma coisa?
— Não, mas eu gostaria de um caderno novo, porque o meu está quase acabando.
— Qual tipo de caderno é?
— Um quadriculado, porque é o de matemática.
— Perfeito, já aviso ele que precisa dessas duas coisas para quando passar pela livraria, comprar. Tem certeza que nada mais?
— Claro, mãe. Muito obrigado. Agora vou na casa do Mateus estudar para o exame, nos vemos mais tarde.
— Muito bem, nos vemos à noite. Manda lembranças para a mãe do Mateus. Até logo!
— Tchau!
Diálogo no trabalho
— Bom dia, Roberto.
— Bom dia, senhor Rodrigues.
— Preparou o relatório que pedi ontem?
— Sim, ontem pude terminar, mas precisaria fazer uma última revisão. É possível?
—Tenho que apresentá-lo na reunião com os empresários depois do meio-dia. Se quiser, pode ocupar a parte da manhã para revisar, mas ao meio-dia preciso dele na minha mesa.
— Não se preocupe, algumas horas é suficiente. Antes do meio-dia você terá o relatório completo em seu escritório.
— Muito obrigado, Roberto, sabia que podia confiar em você.
— De nada. Vou para minha mesa trabalhar, assim não perdemos mais tempo.
— Perfeito, qualquer dificuldade não deixe de me avisar. Vejo você mais tarde.
— Daqui a pouco levo o relatório para o senhor.
Diálogo entre vizinhos
VIZINHO 1 — Olá, Sergio, como está?
VIZINHO 2 — Olá, vizinho! Que alegria encontrá-lo! Não o via há muitos dias. A que devo sua visita?
VIZINHO 1 — Vim porque tenho um problema de umidade em minha casa, e acho que tem a ver com os encanamentos da sua cozinha, pode ser?
VIZINHO 2 — Não me diga! Ontem esteve o encanador trabalhando porque tínhamos umas infiltrações. Terá sido por isso?
VIZINHO 1 — Com certeza…
VIZINHO 2 — Não se preocupe. Hoje mesmo o chamo para que passe pela sua casa para ver o que foi que aconteceu.
VIZINHO 1 — Muito obrigado. Provavelmente não é algo sério.
VIZINHO 2 — Confirmo-lhe o horário assim que possa me comunicar com ele. E peço desculpas pelo incômodo!
VIZINHO 1 — Não é incômodo, é algo que pode acontecer, não há problema. Muito obrigado por ajudar.
VIZINHO 2 — Não há por quê. Chamo o senhor mais tarde. Cumprimente sua família de minha parte.
VIZINHO 1 — Obrigado! Tchau!
Diálogo de Dia de Visita, de Jorge Furtado e Giba Assis Brasil
(Episódio da série BRAVA GENTE).
CENA 2 – INT/NOITE – CARRO
FREDERICO ― Enganamos eles de novo.
ISIDORO ― Muita sorte. Aquela patrulhinha não veio atrás de nós.
PAULO ― Isidoro, tem muita grana aqui.
FREDERICO ― Não mexe nesse dinheiro, garoto.
ISIDORO ― Deixa ele.
O carro faz uma curva arriscada e entra numa estrada lateral.
ISIDORO ― Por que você entrou aqui?
PAULO ― Acho que tem mais de quinhentos mil.
FREDERICO ― Fica na tua, Mané. Eu que sabia da boate, eu que sei pra onde a gente vai.
ISIDORO ― Ninguém é Mané aqui, meu. O Paulo quer saber, e eu também. Que boate é essa que tem quinhentos mil no caixa?
FREDERICO ― Carnaval… (tom) Isidoro.
Continue com:
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