As figuras de linguagem, também chamadas de estilo, são formas não convencionais de usar as palavras para torná-las mais belas, expressivas, com mais força e cor, com o objetivo de persuadir, sugerir ou gerar alguma emoção no leitor. Por exemplo: comparação, metáfora, hipérbole, ironia.
Estes recursos são mais frequentemente utilizados no discurso literário, que se caracteriza por alterar o uso normal das palavras para fins de efeito estético.
- Veja também: Funções da linguagem
Exemplos de figuras de linguagem ou de estilo
- Aliteração. É a repetição de fonemas vocálicos ou consonantais em palavras próximas.
- “Eu canto porque o instante existe
E a minha vida está completa
Não sou alegre e nem sou triste”
(Vinícius de Moraes)
- Alusão. É a referência a uma realidade ou a um fato sem mencioná-lo explicitamente.
- Eram amigas desde o jardim da infância, depois de anos sem se ver, as três mosqueteiras decidiram empreender uma viagem insólita para relembrar os velhos tempos.
- Anáfora. É a repetição de uma ou mais palavras no início de duas ou mais frases consecutivas (ou versos, no caso da poesia).
- “Tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra.”
(Carlos Drummond de Andrade)
- Analogia. É a utilização de figuras que estabelecem um vínculo entre diferentes conceitos com base na semelhança entre eles.
- Chorar está para a tristeza assim como rir está para a alegria.
- Anástrofe. É a inversão mais leve da ordem natural das palavras em uma oração ou frase. É um tipo de hipérbato.
- “Sabe mortos enterrar?” (João Cabral Melo Neto)
- Antonomásia. É a substituição de um substantivo próprio por uma expressão conhecida ou popular.
- O rei do rock faleceu no dia 16 de agosto de 1977.
- Antítese. É um contraste significativo entre palavras ou frases.
- Quanto mais fortuna ele acumulava, mais pobre se sentia.
- Sínquise. É uma inversão bruta e desmesurada da ordem direta das palavras na frase ou oração.
- “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heroico o brado retumbante”
(Joaquim Estrada).
- Apóstrofe. É a interrupção de um discurso, diálogo ou narrativa para invocar personagens imaginários ou reais, apelando a eles individualmente.
- Ó mar! por que não apagas
Co’a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?
(Castro Alves)
- Assíndeto. É a eliminação de elos ou conjunções entre os elementos de uma frase.
- “Duas pessoas que se olham, se tocam, se beijam, discutem, fumam, se beijam de novo, implicam uma com a outra, riem, fazem juras eternas, espirram” (Martha Medeiros).
- Silepse. É quando a concordância ocorre com o sentido ou ideia e não com a forma gramatical da palavra.
- “A gente não sabemos escolher presidente
A gente não sabemos tomar conta da gente”
(Ultraje a Rigor)
- Comparação ou símile. Estabelece uma relação explícita de similaridade entre dois elementos, com base em alguma característica comum, unidos por um nexo comparativo.
- “Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse máquina”
(Chico Buarque)
- Concatenação. Consiste na repetição de palavras em cadeia, ocorre quando o último termo da frase ou oração é o mesmo com que inicia a próxima frase ou oração.
- “João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém”
(Carlos Drummond de Andrade)
- Elipse. Consiste em omitir um ou mais termos sem alterar o significado da frase ou oração.
- “Mais vale um pássaro na mão que dois voando.” (Ditado popular)
- Litote. É usada para amenizar uma informação por meio da negação.
- “Não é bonita nem grande” (O Rappa)
- Enumeração. É o acúmulo de uma série de elementos ou qualidades que mantêm uma relação entre si, seja por justaposição ou através de conjunções ou nexos.
- “O pulso ainda pulsa
Peste bubônica, câncer, pneumonia
Raiva, rubéola, tuberculose, anemia
Rancor, cisticercose, caxumba, difteria”
(Titãs)
- Epíteto. É a utilização de adjetivos que não são necessários e que não acrescentam uma informação nova, mas enfatizam um aspecto do que está sendo dito.
- “Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal”
(Fernando Pessoa)
- Zeugma. Consiste na omissão de um termo anteriormente mencionado e agora subentendido.
- “Clarissa ainda corre sob as árvores. Grita, sacode a cabeleira negra”.
(Érico Veríssimo)
- Gradação. Consiste em ordenar ideias ou conceitos de menor a maior importância.
- Começou como auxiliar, foi analista, gerente e CEO.
- Hipérbato ou inversão. Trata-se de alterar a ordem lógica dos elementos de uma frase.
- Do meu gato cuido eu. (Eu cuido do meu gato, ordem direta).
- Hipérbole. É um exagero com o objetivo de intensificar, degradar ou ampliar.
- Eu vi este filme um milhão de vezes.
- Ironia. É a expressão de uma ideia ao dizer o contrário do que realmente se pretende transmitir com sarcasmo.
- Que arrumadinho que está o seu quarto hoje! (Usado para se referir a um quarto bagunçado).
- Metáfora. É a identificação de um objeto real com um objeto imaginário, com o qual ele mantém uma relação de similaridade por meio de uma comparação implícita.
- Mais rápido, porque tempo é dinheiro.
- Metonímia. É o uso de uma palavra por outra, seja um objeto ou uma ideia com outro nome, mas não em função de serem sinônimos e sim por estarem ligados por uma relação de efeito – causa, autor – obra, continente – conteúdo, instrumento – pessoa que o utiliza, sinal – coisa significada, lugar – habitantes ou produtos, parte – todo, marca – produto, etc.
- Consegui tudo isso com o suor do meu rosto (efeito X causa).
- Estou lendo Machado de Assis (autor X obra).
- Tomou uma garrafa de vinho (continente X conteúdo).
- Quem herdará o trono? (sinal X coisa significada).
- Preciso tirar um xerox (marca X produto).
- Quantas cabeças de gado tem na sua fazenda? (parte X todo).
- Onomatopeia. É a utilização de palavras cuja pronúncia imita ou sugere o som do que elas representam.
- “Splish splash fez o beijo que eu dei
Nela dentro do cinema”
(Erasmo Carlos)
- Oximoro ou paradoxo. Consiste em usar dois termos contraditórios no mesmo sintagma para gerar um novo significado.
- “É um andar solitário entre a gente
É nunca contentar-se de contente”
(Camões)
- Paralelismo. A repetição da mesma estrutura gramatical para alcançar um efeito rítmico ou poético.
- Seu rosto, terno e sincero; suas mãos, macias e quentes.
- Paranomásia. É a utilização de palavras parônimas, isto é, com sons semelhantes, mas com significados diferentes.
- “Há soldados armados, amados ou não” (Geraldo Vandré)
- Perífrase. É a utilização de mais palavras do que o necessário para aludir a uma ideia ou conceito. É uma forma indireta de aludir a algo por meio de suas qualidades.
- Finalmente conheceremos a cidade das hortênsias. (Gramado)
- Personificação. É a atribuição de qualidades humanas a seres ou animais inanimados. É também conhecida como prosopopeia.
- “Triste madrugada foi aquela
Que eu perdi meu violão”.
(Beth Carvalho)
- Pleonasmo. É a adição de termos que não são necessários por meio de repetição, com o objetivo de enfatizar a expressão do que deve ser transmitido.
- “Leve, leve, muito leve
Um vento muito leve passa”
(Fernando Pessoa)
- Eufemismo. É a utilização de uma palavra mais amena ou agradável para evitar o uso de uma palavra triste, odiosa, desagradável. Tem a finalidade de suavizar a ideia.
- Polícia Federal investiga corrupção e desvio de dinheiro público. (roubo)
- Polissíndeto. A multiplicação desnecessária de nexos ou conjunções para reforçar a expressividade de uma ideia.
- A noite faz temer e pensar e sentir saudades e chorar.
- Prosopografia. É a descrição física ou externa de uma personagem, seja ela humana ou não.
- “Muitas vezes, sozinha ou de castigo, se havia um espelho perto avaliava minha imagem: uma menina sem graça, roliça, pesadona.” (Lya Luft)
- Reduplicação, epizeuxe ou geminação. É a repetição contínua da mesma palavra ou grupo de palavras.
- “Vamos lá: tomai daquele nome, inventado para meu desdouro, fazei dele um troféu e um lábaro, e eu vos darei tudo, tudo, tudo, tudo, tudo, tudo…”
(Machado de Assis).
- Reticência. Consiste em expressar uma ideia ou um pensamento incompleto, omitindo intencionalmente e gerando suspense ou mistério no leitor.
- “O mundo de primavera, o mundo das bestas que na primavera se cristianizam em patas que arranham mas não dói… oh não mais esse mundo!”
- Alegoria. É uma figura de índole muitas vezes moral e que amplia ou transcende o sentido real do texto. Tem semelhanças com a metáfora, porém esta, se ocupa de termos mais independentes.
- “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura” (ditado popular).
- Sarcasmo. O uso da ironia para zombar, ofender ou insultar.
- Nossa! Que inteligência rara a sua!
- Catacrese. Quando tomamos um termo existente e o emprestamos a outra coisa gerando um termo novo, resultado da falta de um termo próprio para designar algo. Representa uma metáfora que já foi interiorizada por seus falantes no seu uso diário.
- O pé da mesa está quebrado.
- Sinédoque. É um tipo especial de metonímia que designa uma ideia ou objeto com o nome de outro, com o qual se mantém uma relação de inclusão da parte pelo todo ou do todo pela parte.
- Ele tem três bocas para alimentar e está desempregado.
- Sinestesia. É a atribuição de sensações físicas (olfato, paladar, tato, visão e audição) a sentimentos ou a conceitos aos quais tal atribuição não corresponderia.
- A melodia doce, mas às vezes triste, soou durante toda a cena.
- Tmese. É a fragmentação, quebra ou corte de um termo por meio da introdução de outro termo no meio. Seu uso é comum no futuro do presente e no futuro do pretérito do modo indicativo.
- Na rua da Praia inaugurar-se-á um novo museu de artes.
- Anacoluto. É quando ocorre a quebra da estrutura lógica da oração, isolando um termo ou expressão.
- Eu, cada vez que quero falar, sou interrompida.
Referências
- CEGALLA, Domingos Paschoal. Gramática da Língua Portuguesa. 48 ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional.
- CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. 7. ed. Rio de Janeiro: Lexikon Editora Digital, 2016.
- BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.
- LIMA, ROCHA. Gramática normativa da língua portuguesa. 49 ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2011.
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