60 Exemplos de
Figuras de linguagem ou de estilo

As figuras de linguagem, também chamadas de estilo, são formas não convencionais de usar as palavras para torná-las mais belas, expressivas, com mais força e cor, com o objetivo de persuadir, sugerir ou gerar alguma emoção no leitor. Por exemplo: comparação, metáfora, hipérbole, ironia.

Estes recursos são mais frequentemente utilizados no discurso literário, que se caracteriza por alterar o uso normal das palavras para fins de efeito estético.

Exemplos de figuras de linguagem ou de estilo

  1. Aliteração. É a repetição de fonemas vocálicos ou consonantais em palavras próximas.
  • Eu canto porque o instante existe
    E a minha vida está completa
    Não sou alegre e nem sou triste

    (Vinícius de Moraes)
  1. Alusão. É a referência a uma realidade ou a um fato sem mencioná-lo explicitamente.
  • Eram amigas desde o jardim da infância, depois de anos sem se ver, as três mosqueteiras decidiram empreender uma viagem insólita para relembrar os velhos tempos.
  1. Anáfora. É a repetição de uma ou mais palavras no início de duas ou mais frases consecutivas (ou versos, no caso da poesia).
  • “Tinha uma pedra
    Tinha uma pedra no meio do caminho
    No meio do caminho tinha uma pedra.”
    (Carlos Drummond de Andrade)
  1. Analogia. É a utilização de figuras que estabelecem um vínculo entre diferentes conceitos com base na semelhança entre eles.
  • Chorar está para a tristeza assim como rir está para a alegria.
  1. Anástrofe. É a inversão mais leve da ordem natural das palavras em uma oração ou frase. É um tipo de hipérbato.
  • Sabe mortos enterrar? (João Cabral Melo Neto)
  1. Antonomásia. É a substituição de um substantivo próprio por uma expressão conhecida ou popular.
  • O rei do rock faleceu no dia 16 de agosto de 1977.
  1. Antítese. É um contraste significativo entre palavras ou frases.
  • Quanto mais fortuna ele acumulava, mais pobre se sentia.
  1. Sínquise. É uma inversão bruta e desmesurada da ordem direta das palavras na frase ou oração.
  • “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
    De um povo heroico o brado retumbante”
    (Joaquim Estrada).
  1. Apóstrofe. É a interrupção de um discurso, diálogo ou narrativa para invocar personagens imaginários ou reais, apelando a eles individualmente.
  • Ó mar! por que não apagas
    Co’a esponja de tuas vagas
    De teu manto este borrão?
    (Castro Alves)
  1. Assíndeto. É a eliminação de elos ou conjunções entre os elementos de uma frase.
  • “Duas pessoas que se olham, se tocam, se beijam, discutem, fumam, se beijam de novo, implicam uma com a outra, riem, fazem juras eternas, espirram” (Martha Medeiros).
  1. Silepse. É quando a concordância ocorre com o sentido ou ideia e não com a forma gramatical da palavra.
  • A gente não sabemos escolher presidente
    A gente não sabemos tomar conta da gente”
    (Ultraje a Rigor)
  1. Comparação ou símile. Estabelece uma relação explícita de similaridade entre dois elementos, com base em alguma característica comum, unidos por um nexo comparativo.
  • “Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
    Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
    Bebeu e soluçou como se fosse máquina”
    (Chico Buarque)
  1. Concatenação. Consiste na repetição de palavras em cadeia, ocorre quando o último termo da frase ou oração é o mesmo com que inicia a próxima frase ou oração.
  • “João amava Teresa que amava Raimundo
    que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
    que não amava ninguém”
    (Carlos Drummond de Andrade)
  1. Elipse. Consiste em omitir um ou mais termos sem alterar o significado da frase ou oração.
  • “Mais vale um pássaro na mão que dois voando.” (Ditado popular)
  1. Litote. É usada para amenizar uma informação por meio da negação.
  • Não é bonita nem grande” (O Rappa)
  1. Enumeração. É o acúmulo de uma série de elementos ou qualidades que mantêm uma relação entre si, seja por justaposição ou através de conjunções ou nexos.
  • “O pulso ainda pulsa
    Peste bubônica, câncer, pneumonia
    Raiva, rubéola, tuberculose, anemia
    Rancor, cisticercose, caxumba, difteria”
    (Titãs)
  1. Epíteto. É a utilização de adjetivos que não são necessários e que não acrescentam uma informação nova, mas enfatizam um aspecto do que está sendo dito.
  • “Ó mar salgado, quanto do teu sal
    São lágrimas de Portugal”
    (Fernando Pessoa)
  1. Zeugma. Consiste na omissão de um termo anteriormente mencionado e agora subentendido.
  • Clarissa ainda corre sob as árvores. Grita, sacode a cabeleira negra”.
    (Érico Veríssimo)
  1. Gradação. Consiste em ordenar ideias ou conceitos de menor a maior importância.
  • Começou como auxiliar, foi analista, gerente e CEO.
  1. Hipérbato ou inversão. Trata-se de alterar a ordem lógica dos elementos de uma frase.
  • Do meu gato cuido eu. (Eu cuido do meu gato, ordem direta).
  1. Hipérbole. É um exagero com o objetivo de intensificar, degradar ou ampliar.
  • Eu vi este filme um milhão de vezes.
  1. Ironia. É a expressão de uma ideia ao dizer o contrário do que realmente se pretende transmitir com sarcasmo.
  • Que arrumadinho que está o seu quarto hoje! (Usado para se referir a um quarto bagunçado).
  1. Metáfora. É a identificação de um objeto real com um objeto imaginário, com o qual ele mantém uma relação de similaridade por meio de uma comparação implícita.
  • Mais rápido, porque tempo é dinheiro.
  1. Metonímia. É o uso de uma palavra por outra, seja um objeto ou uma ideia com outro nome, mas não em função de serem sinônimos e sim por estarem ligados por uma relação de efeito – causa, autor – obra, continente – conteúdo, instrumento – pessoa que o utiliza, sinal – coisa significada, lugar – habitantes ou produtos, parte – todo, marca – produto, etc.
  • Consegui tudo isso com o suor do meu rosto (efeito X causa).
  • Estou lendo Machado de Assis (autor X obra).
  • Tomou uma garrafa de vinho (continente X conteúdo).
  • Quem herdará o trono? (sinal X coisa significada).
  • Preciso tirar um xerox (marca X produto).
  • Quantas cabeças de gado tem na sua fazenda? (parte X todo).
  1. Onomatopeia. É a utilização de palavras cuja pronúncia imita ou sugere o som do que elas representam.
  • Splish splash fez o beijo que eu dei
    Nela dentro do cinema”
    (Erasmo Carlos)
  1. Oximoro ou paradoxo. Consiste em usar dois termos contraditórios no mesmo sintagma para gerar um novo significado.
  • “É um andar solitário entre a gente
    É nunca contentar-se de contente
    (Camões)
  1. Paralelismo. A repetição da mesma estrutura gramatical para alcançar um efeito rítmico ou poético.
  • Seu rosto, terno e sincero; suas mãos, macias e quentes.
  1. Paranomásia. É a utilização de palavras parônimas, isto é, com sons semelhantes, mas com significados diferentes.
  • “Há soldados armados, amados ou não” (Geraldo Vandré)
  1. Perífrase. É a utilização de mais palavras do que o necessário para aludir a uma ideia ou conceito. É uma forma indireta de aludir a algo por meio de suas qualidades.
  • Finalmente conheceremos a cidade das hortênsias. (Gramado)
  1. Personificação. É a atribuição de qualidades humanas a seres ou animais inanimados. É também conhecida como prosopopeia.
  • Triste madrugada foi aquela
    Que eu perdi meu violão”.
    (Beth Carvalho)
  1. Pleonasmo. É a adição de termos que não são necessários por meio de repetição, com o objetivo de enfatizar a expressão do que deve ser transmitido.
  • Leve, leve, muito leve
    Um vento muito leve passa”
    (Fernando Pessoa)
  1. Eufemismo. É a utilização de uma palavra mais amena ou agradável para evitar o uso de uma palavra triste, odiosa, desagradável. Tem a finalidade de suavizar a ideia.
  • Polícia Federal investiga corrupção e desvio de dinheiro público. (roubo)
  1. Polissíndeto. A multiplicação desnecessária de nexos ou conjunções para reforçar a expressividade de uma ideia.
  • A noite faz temer e pensar e sentir saudades e chorar.
  1. Prosopografia. É a descrição física ou externa de uma personagem, seja ela humana ou não.
  • “Muitas vezes, sozinha ou de castigo, se havia um espelho perto avaliava minha imagem: uma menina sem graça, roliça, pesadona.” (Lya Luft)
  1. Reduplicação, epizeuxe ou geminação. É a repetição contínua da mesma palavra ou grupo de palavras.
  • “Vamos lá: tomai daquele nome, inventado para meu desdouro, fazei dele um troféu e um lábaro, e eu vos darei tudo, tudo, tudo, tudo, tudo, tudo…”
    (Machado de Assis).
  1. Reticência. Consiste em expressar uma ideia ou um pensamento incompleto, omitindo intencionalmente e gerando suspense ou mistério no leitor.
  • “O mundo de primavera, o mundo das bestas que na primavera se cristianizam em patas que arranham mas não dói… oh não mais esse mundo!”
  1. Alegoria. É uma figura de índole muitas vezes moral e que amplia ou transcende o sentido real do texto. Tem semelhanças com a metáfora, porém esta, se ocupa de termos mais independentes.
  • “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura” (ditado popular).
  1. Sarcasmo. O uso da ironia para zombar, ofender ou insultar.
  • Nossa! Que inteligência rara a sua!
  1. Catacrese. Quando tomamos um termo existente e o emprestamos a outra coisa gerando um termo novo, resultado da falta de um termo próprio para designar algo. Representa uma metáfora que já foi interiorizada por seus falantes no seu uso diário.
  • O pé da mesa está quebrado.
  1. Sinédoque. É um tipo especial de metonímia que designa uma ideia ou objeto com o nome de outro, com o qual se mantém uma relação de inclusão da parte pelo todo ou do todo pela parte.
  • Ele tem três bocas para alimentar e está desempregado.
  1. Sinestesia. É a atribuição de sensações físicas (olfato, paladar, tato, visão e audição) a sentimentos ou a conceitos aos quais tal atribuição não corresponderia.
  • A melodia doce, mas às vezes triste, soou durante toda a cena.
  1. Tmese. É a fragmentação, quebra ou corte de um termo por meio da introdução de outro termo no meio. Seu uso é comum no futuro do presente e no futuro do pretérito do modo indicativo.
  • Na rua da Praia inaugurar-se-á um novo museu de artes.
  1. Anacoluto. É quando ocorre a quebra da estrutura lógica da oração, isolando um termo ou expressão.
  • Eu, cada vez que quero falar, sou interrompida.

Referências

  • CEGALLA, Domingos Paschoal. Gramática da Língua Portuguesa. 48 ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional.
  • CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. 7. ed. Rio de Janeiro: Lexikon Editora Digital, 2016.
  • BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.
  • LIMA, ROCHA. Gramática normativa da língua portuguesa. 49 ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2011.

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Killmann, Márcia. Figuras de linguagem ou de estilo. Enciclopédia de Exemplos, 2023. Disponível em: https://www.ejemplos.co/br/figuras-de-linguagem-ou-de-estilo/. Acesso em: 30 de outubro de 2024.

Sobre o autor

Autor: Márcia Killmann

Licenciatura em letras (UNISINOS, Brasil), Doutorado em Letras (Universidad Nacional del Sur).

Revisado por: Cristina Zambra

Licenciada em Letras: Português e Literaturas da Língua Portuguesa (UNIJUÍ).

Data de publicação: 29 de junho de 2023
Última edição: 29 de maio de 2024

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