A função poética, também denominada estética, é uma das seis funções da linguagem e se centra na forma da mensagem, já que se utiliza para produzir um efeito estilístico e estético. Por exemplo: A lua brilhava em seus olhos.
Um mesmo conteúdo pode ser comunicado de diversas maneiras, se é possível recorrer a diferentes palavras, expressões e entonações. Na função poética prioriza-se a maneira em que se diz o que se quer transmitir.
Assim, esta função é muito utilizada na literatura, por isso prevalece em poemas, textos dramáticos, romances, contos, canções, rimas, entre muitos outros gêneros. Além disso, é própria dos refrões, dos jogos de palavras, dos trava línguas e inclusive do discurso coloquial, onde é possível encontrar giros lúdicos e criativos característicos desta função. Por exemplo: Deus ajuda a quem cedo madruga.
Para considerar: Quando se utiliza a função poética, é comum o surgimento de figuras de linguagem, tais como a metáfora, a metonímia, a sinédoque, o símile e a hipérbole, entre muitas outras. Por exemplo: Os teus olhos iluminam o meu caminho como duas estrelas.
- Veja também: Poesia
Exemplos da função poética
- Na casa do ferreiro, o espeto é de pau.
- Quem com ferro fere, com ferro será ferido.
- Pode ser bom. Pode ser muito bom. Pode ser Pepsi.
- Deus ajuda a quem madruga.
- Três tristes tigres comiam trigo em um trigal.
- Tal pai, tal filho.
- Mais vale um pássaro na mão do que dois voando.
- Não há mal que não venha para o bem.
- A pressa é inimiga da perfeição.
- De médico e louco, todo mundo tem um pouco.
- Devagar se vai longe.
- Filho de peixe, peixinho é.
- Mente vazia, oficina do diabo.
- O que é?
O que é?
Que corre e não tem pés.
- Como você quer que te queira se aquele que eu quero que me queira, não me quer como eu quero que me queira.
- Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito que um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma tela tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
(João Cabral de Melo Neto) - E o que fazer com as TVs antigas, todas zicadas?
Ora, nada melhor que enviá-las diretamente para nossos maiores rivais no futebol, os argentinos!
(Propaganda do Magazine Luiza) - Chegou o milagre azul para lavar!
Lave na espuma de Omo e tenha a roupa mais limpa do mundo!
Onde Omo cai, a sujeira sai!
(Propaganda Omo, 1957)
- De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
(Vinícius de Moraes. Soneto da fidelidade) - Para viver em estado de poesia
Me entranharia nestes sertões de você
Para deixar a vida que eu vivia
De cigania antes de te conhecer
De enganos livres que eu tinha porque queria
Por não saber que mais dia menos dia
Eu todo me encantaria pelo todo do teu ser
(Cantor Chico César) - …Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda…
(Fernando Pessoa, Poema em linha reta)
- Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura;
Ouro nativo, que, na ganga impura,
A bruta mina entre os cascalhos vela…
(Olavo Bilac, Língua Portuguesa) - O vento varria as folhas,
O vento varria os frutos,
O vento varria as flores…
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De frutos, de flores, de folhas.
[…]
O vento varria os sonhos
E varria as amizades…
O vento varria as mulheres…
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De afetos e de mulheres.
(Manuel Bandeira, Canção do vento e da minha vida) - Quem não é visto, não é lembrado.
- Um dia é da caça, outro, do caçador.
- João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
(Carlos Drummond de Andrade, Quadrilha). - Por ele eu ponho minha mão no fogo.
- Saco vazio não para em pé.
Outras funções da linguagem
As funções da linguagem representam os diferentes propósitos com os quais se utiliza a língua em uma situação comunicativa. Cada uma delas se centra em um de seus elementos.
As funções da linguagem foram teorizadas pelo linguista russo Roman Jakobson (1896-1982) e representam os diferentes propósitos com os quais se usa a linguagem durante a comunicação. Em cada uma delas, prioriza-se um aspecto determinado da situação comunicativa.
Além da função poética, existem outras cinco funções da linguagem:
- Função referencial ou denotativa. Centra-se no referencial e no contexto e é utilizado para transmitir informação concreta ligada à realidade objetiva. Por exemplo: A capital do Uruguai é Montevideo.
- Função apelativa ou conativa. Centra-se no receptor e utiliza-se para incitar ou motivar o interlocutor a realizar uma ação. Por exemplo: Fique quieto.
- Função fática ou de contato. Centra-se no canal e é usada para estabelecer, prolongar ou interromper uma conversa. Também serve para confirmar se o canal é idôneo e possibilita o intercâmbio. Por exemplo: Você está me escutando bem?
- Função metalinguística. Está centrada no código e é usada para explicar algum aspecto da própria linguagem. Por exemplo: Os substantivos são uma classe de palavras.
- Função emocional ou expressiva. Centra-se no emissor e é usada para transmitir sentimentos, emoções, estados físicos, sensações, desejos. Por exemplo: Me sinto muito sozinho.
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