O hibridismo cultural é a fusão de elementos provenientes de diferentes grupos ou sociedades que dá origem a novas práticas do ser humano. Este processo pode ocorrer em diferentes esferas da vida social, como nas tradições, nos modos de se comportar e de se comunicar, nas crenças, na arte e na linguagem.
O conceito de hibridismo cultural foi desenvolvido por Néstor García Canclini, que pegou o termo “hibridismo” da biologia e o adaptou às ciências sociais para fazer uma definição ampla da mistura e troca entre culturas.
Segundo o autor, o hibridismo cultural é um fenômeno em que se combinam práticas antigas e modernas ou cultas, populares e massivas para dar lugar a outras novas.
Além disso, sustenta que embora este tipo de fusão tenha ocorrido em diferentes momentos da história, é característico da modernidade tardia e do presente, porque neste período estão dadas as condições necessárias para que os limites entre uma cultura e outra não sejam tão rígidos e, portanto, os intercâmbios sociais sejam mais fluidos.
Algumas dessas condições necessárias são o avanço da tecnologia, a criação de meios de comunicação massivos, o acesso à educação e a globalização. Canclini também destaca outras possíveis causas deste fenômeno, por exemplo, as ondas migratórias, os acordos econômicos internacionais, a incorporação de novos saberes e a reelaboração das tradições para adaptá-las ao presente.
Para considerar: O conceito de hibridismo cultural não deve ser confundido com as noções de mestiçagem ou sincretismo, porque é um termo que abrange todas as fusões de práticas sociais.
- Veja também: Tradições e costumes
Exemplos de hibridismo cultural
Exemplos de hibridismo cultural propostos por Néstor García Canclini
- A fusão da iconografia indígena com a iconografia espanhola. Os pintores dos povos originários do México pintaram quadros nos quais misturam elementos de sua tradição e do barroco e dos símbolos espanhóis.
- O tango. É um estilo musical argentino que combina elementos do campo deste país e das tradições africana, espanhola e italiana.
- Os contos de Jorge Luis Borges. São relatos que combinam elementos da tradição europeia, da mitologia grecolatina, da literatura e dos costumes argentinos do século XIX e da cultura oriental.
- O cocoliche. É um dialeto originado em Buenos Aires que mistura termos e estruturas do espanhol e do italiano para dar origem ao nascimento de novas palavras.
- A obra de Antonio Berni. Nos quadros deste pintor se fundem elementos e estilos característicos da cultura europeia e da argentina.
Outros exemplos de hibridismo cultural
- Pau Brasil: se concentra na cultura mestiça, no contraste de suas origens, tanto na paisagem tropical brasileira como na indústria moderna.
- Os poemas de Julián del Casal. São poemas em que se mistura a tradição poética latino-americana com os procedimentos literários do escritor francês Charles Baudelaire.
- A música chicha. É um gênero musical de origem peruana que combina diferentes estilos, o huayno, rock e a cumbia.
- As festas afro-colombianas. São celebrações nas quais há elementos da cultura africana e da espanhola-cristã. Por exemplo, a festa de São Chico ou de São Francisco de Assis.
- Arquivos do Estado, de Rogelio Salmona. Esta obra arquitetônica combina o método de construção tradicional dos povos originários com o estilo moderno.
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Referências
- García Canclini, N. (1997). Culturas híbridas y estrategias comunicacionales. Estudios sobre las Culturas Contemporáneas, III(5), 109-128. https://www.redalyc.org/
- Moebus Retonda, A. (2008). Hibridismo cultural: ¿clave analítica para la comprensión de la modernización latinoamericana? Sociológica, 63, 33-49.
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