No campo da lógica, os juízos sintéticos e juízos analíticos são dois tipos de proposições.
- As proposições sintéticas são aquelas que acrescentam informações ao enunciado.
- As proposições analíticas não acrescentam informações que não estejam contidas no próprio enunciado.
Uma das distinções mais importantes entre os juízos é a que foi descoberta por Immanuel Kant, que definiu em sua obra mais famosa, Crítica da Razão Pura, que os juízos podem ser analíticos ou sintéticos.
Enquanto os juízos analíticos, para Kant, são sempre a priori, os juízos sintéticos devem ser necessariamente a posteriori, pois dependem de uma experiência para incorporar informações. Tanto um quanto o outro funcionam a partir de proposições que possuem um sujeito e um predicado. Os julgamentos sintéticos ou analíticos são derivados das possíveis relações entre ambos.
- Veja também: Proposições simples e compostas
Juízos analíticos
Os juízos analíticos são aqueles em que o conceito do predicado está contido no sujeito e em que se estabelece uma relação de pertencimento e identidade entre um e outro. Assim, neste tipo de juízo, o predicado sempre pertence ao sujeito, pois está contido em sua identidade, e não acrescenta novas informações.
Todos os julgamentos são a caracterização de um sujeito. No caso dos juízos analíticos, este sujeito já possui em si mesmo algumas propriedades: quando o juízo destaca precisamente uma delas, trata-se de um juízo analítico.
Os juízos analíticos estão relacionados a silogismos (uma vez que algo ocorre para todos os casos A e que esse caso em particular também é A, conclui-se que esse algo também ocorre para esse caso).
Exemplos de juízos analíticos
- “Todos os corpos são extensos.” Esta é a definição que Kant propõe quando introduz o conceito de juízo analítico. Como a extensão é uma propriedade dos corpos, o predicado “são extensos” pode ser deduzido diretamente do sujeito “todos os corpos”.
- Um círculo é aquilo que está dentro de uma circunferência.
- O sal é salgado.
- Todas as segundas-feiras são segundas-feiras.
- Os solteiros são solteiros.
- A cor preta é preta.
- Terça-feira é um dia da semana.
- Todas as rosas vermelhas são vermelhas.
- O todo é maior do que as partes que ele contém.
- Os triângulos têm três lados.
- Um quadrado é formado por quatro lados iguais.
- O gelo é a água em seu estado sólido.
Juízos sintéticos
Os juízos sintéticos são aqueles em que o sujeito não contém o predicado, tampouco possuem qualquer relação eloquente. Diz-se, então, que nos juízos sintéticos o predicado contribui com algo que não está contido no sujeito.
Outra forma de definir os juízos sintéticos é pensar naqueles que podem ser substituídos por sua versão afirmativa (acrescentando a palavra “não” antes do verbo “ser”) e, nesse caso, não caem em incoerência.
Exemplos de juízos sintéticos
- “Todo corpo é pesado.” Esse é o exemplo central que o próprio Kant apresenta de tais juízos.
- Fevereiro é o mês da chuva.
- A mesa é marrom.
- A soma dos quadrados dos lados é igual ao quadrado da hipotenusa em um ângulo reto.
- Nem todas as rosas são vermelhas.
- Meu irmão é o único que está usando uma camiseta cinza.
- Os cães são animais que as pessoas costumam ter em suas casas.
- O presidente é o homem mais importante do país.
- As mãos são membros que podem se sujar.
- A primavera é uma estação muito bonita.
- Os pastéis deste lugar são deliciosos.
- Os truques deste mágico são cópias dos realizados por um mágico do estrangeiro.
Juízos a priori e a posteriori
Uma consideração adicional é a que foi feita algum tempo depois por Popper, que resumiu a divisão entre os dois tipos de juízos e acrescentou uma questão: enquanto os juízos analíticos só podem ser analisados a priori (ou seja, com a elaboração exclusiva do juízo e o “filtro” através da razão), os juízos sintéticos são detectados a posteriori, ou seja, em virtude da experiência.
Grande parte do debate na lógica envolve a questão de saber se há juízos sintéticos que também podem ser detectados a priori.
Antes de Popper, foi Kant quem propôs a ideia da existência de juízos sintéticos a priori. Esses podem ocorrer como uma condição do conhecimento sensível mediante as formas de sensibilidade, conforme exposto na Crítica da Razão Pura, publicada por Kant em 1781.
- Continue com: Argumentos dedutivos e indutivos
Referências
- Gamut, L. T. F., & Durán, C. (2002). Introducción a la lógica. Buenos Aires, Argentina: Eudeba.
- Kant, I. (1977). Crítica de la razón pura. Porrúa.
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