10 Exemplos de
Lendas equatorianas

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Índice

As lendas são relatos de transmissão oral ou escrita que contam histórias inventadas, mas que podem incluir eventos reais e fantásticos. As lendas equatorianas são lendas que se originaram ou são transmitidas no Equador.

O Equador é um país com muita diversidade cultural e, por isso, as lendas deste lugar são muito variadas. Algumas destas narrativas são antigas e outras são modernas.

As lendas antigas surgiram na época pré-colombiana ou na época da conquista da América e podem incluir personagens ou fatos históricos ou fazer referência à origem de práticas tradicionais ou a explicações de fenômenos naturais.

As lendas modernas são transmitidas no campo ou na cidade e explicam a origem de seres fantásticos ou narram acontecimentos que supostamente ocorreram há poucos anos.

Características das lendas equatorianas

  • Origem. Não têm autor e são transmitidas de geração em geração e oralmente, embora muitas sejam escritas em livros. Algumas destas narrativas se originaram no Equador e outras em vários lugares, mas circulam neste país.
  • Personagens. Podem ser pessoas, animais ou seres fantásticos.
  • Espaço. Geralmente, os lugares onde estas histórias acontecem são nomeados (por exemplo, o nome da cidade é especificado). No entanto, em alguns casos, apenas é mencionado que os eventos acontecem no campo ou na cidade.
  • Tempo. Não é feita geralmente referência a um momento em particular, embora em alguns casos se mencione o tempo em que ocorre a história.
  • Temas. Narram histórias relacionadas com a origem de algo (por exemplo, fogo), aspectos religiosos (por exemplo, milagres) ou tradições e costumes dos povos originários. Os temas são muito variados, mas sempre inclui um evento fantástico.
  • Cosmovisão. Estes relatos refletem a identidade, o modo de pensar e entender o mundo da nação equatoriana.
  • Finalidade. O objetivo é transmitir um ensinamento moral; explicar a existência de um ser, de um objeto, de um lugar ou de um costume ou entreter.
  • Versões. Como todos os discursos de transmissão oral, as lendas podem ter versões muito diferentes.

Exemplos de lendas equatorianas

  1. A lenda do Cerro Santa Ana

O Cerro de Santa Ana é um lugar que existe em Guayaquil e seu nome se deve a uma antiga lenda. Diz-se que havia um homem espanhol, Nino de Lecumberri, que estava procurando tesouros nesta área.

Um dia o homem estava andando e, de repente, apareceu uma mulher inca, que lhe ofereceu duas possibilidades. A primeira era casar com ela. A segunda era para guiá-lo até uma cidade feita de ouro puro. O homem escolheu ser guiado para a cidade. Então, o rei inca, pai da jovem, começou a persegui-lo e puni-lo por sua ganância.

Assustado, o jovem espanhol começou a rezar para que Santa Ana o protegesse. Conta a lenda que, graças às suas orações, pôde ser salvo. Como homenagem à santa, ele colocou uma cruz que tinha escrito “Santa Ana”, no topo da colina.

Esta lenda explica a origem do nome de um morro e combina elementos da tradição inca e da tradição cristã.

  1. A lenda do tesouro de Atahualpa

Esta lenda nomeia pessoas, fatos e lugares reais, mas inclui elementos fantásticos. Ocorre em Cajamarca, em 1532, quando Atahualpa (o último imperador inca) foi sequestrado por Francisco Pizarro, um conquistador espanhol.

Atahualpa disse ao seu captor que lhe daria mais ouro do que poderia imaginar se o libertasse. Pizarro aceitou a oferta, mas como não confiava no imperador inca, o matou.

Diz-se que Rumiñahui, um general inca, estava levando o ouro para Cajamarca, mas ao saber da morte de seu imperador, escondeu o tesouro na cordilheira de Llanganates. O ouro nunca foi encontrado e acredita-se que se alguém encontrar algum dia, esta pessoa será amaldiçoada.

  1. A lenda do muro dos fantasmas

Na ilha de Isabela (uma das ilhas Galápagos) houve uma prisão entre 1946 e 1959. Alguns prisioneiros foram obrigados a construir um muro, chamado de Muro das Lágrimas, com pedras muito pesadas.

A construção foi tão difícil que alguns destes homens morreram enquanto estavam construindo. Atualmente, diz-se que aquelas pessoas que passam perto do muro ouvem soluços e veem os fantasmas dos prisioneiros falecidos.

  1. A lenda de Cantuña e a igreja

De acordo com esta história, o padre de Quito pediu a Cantuña, um jovem indígena, que construísse uma igreja. O jovem respondeu que sim e o sacerdote explicou que precisava do prédio pronto o mais rápido possível.

Cantuña começou a construção, mas percebeu que levaria muito tempo para terminá-la, então rezou e pediu ajuda a Deus para terminar o trabalho o mais rápido possível.

Como não teve resposta, o jovem ficou desesperado e invocou o diabo. O rei das trevas apareceu e disse que ele terminaria a obra se o jovem pagasse com sua alma. Cantuña aceitou, mas avisou que teria que terminar o trabalho no dia seguinte ao amanhecer.

O diabo enviou seus súditos para fazer a igreja. Quando estes seres infernais estavam trabalhando, Cantuña tirou um tijolo que tinha sido colocado, mas eles não perceberam.

Chegou o amanhecer e o diabo apareceu para exigir que o jovem cumprisse sua parte do acordo. Cantuña disse que o acordo foi cancelado, porque a construção não estava concluída. O diabo ficou surpreso, disse que era impossível, mas não teve escolha a não ser voltar para o inferno de mãos vazias, depois que o jovem mostrou que a igreja não estava pronta porque faltava um tijolo.

  1. A lenda do cata-vento da catedral

Dizem que em Quito vivia um homem muito rico, que era ganancioso, ambicioso e mal-humorado e costumava maltratar as pessoas.

Um dia este homem estava sozinho na rua e começou a insultar e gritar o galo do cata-vento da catedral. O galo ganhou vida, separou-se do cata-vento e picou o homem, que ficou muito assustado.

O pássaro de metal avisou ao homem que ele tinha que ser mais solidário e respeitoso com as outras pessoas ou algo grave lhe aconteceria.

Esta lenda transmite um ensinamento: não seja grosseiro.

  1. A lenda do penacho de Atahualpa

De acordo com esta lenda, quando Atahualpa era criança, foi ensinado a respeitar a natureza. Um dia, quando estava praticando tiro com arco na floresta, viu uma arara, atirou com uma flecha e o pássaro morreu.

Quando contou para a sua mãe o que tinha acontecido, ela ficou triste e lembrou-lhe que sempre tinha que cuidar de outros seres vivos. Para que seu filho não esquecesse esta lição, ela colocou uma pena de arara em seu penacho.

  1. A lenda do Agualongo

Em uma praça da cidade de Riobamba, havia uma estátua de um menino chamado Agualongo. Em 1797 houve um terremoto nesta cidade. Diz-se que antes disso, algo incrível aconteceu.

Segundo a lenda, a estátua de Agualongo deu uma volta completa em seu próprio eixo e no dia seguinte houve o terremoto. Algumas das pessoas que sobreviveram a este evento disseram que isso aconteceu porque o Agualongo queria ver a cidade pela última vez antes de ser destruída.

  1. A lenda de Frei Simplon

No século XVI, na cidade de Guayaquil, foi construído o Templo de São Francisco, uma igreja que ainda está em pé. Segundo a lenda, naquele edifício trabalhava Frei Simplon, um frade que era conhecido por ter um pombal no campanário.

O frade dava comida e cuidava das pombas todos os dias. Em 1726, o vulcão Cotopaxi entrou em erupção e houve um terremoto que destruiu uma parte da igreja. O prefeito estava inspecionando os prédios da cidade e disse ao frade que era necessário consertar o campanário, pois tinha uma rachadura e poderia desmoronar a qualquer momento.

O frade pediu ajuda ao povo da cidade, mas a única coisa que conseguiu foram algumas moedas de prata, que usou para comprar comida para suas pombas. Logo, um homem foi falar com o frade e disse que era pedreiro e que iria ajudá-lo a consertar a rachadura.

Os dois homens trabalharam duro e finalmente conseguiram consertar o campanário. Mas o prefeito, que odiava o frade, mandou seus homens para o templo para destruir a torre recém-reparada.

Quando estes homens começaram a trabalhar, apareceram pombas que não os deixaram continuar com a demolição. Diz-se que estas aves não eram animais comuns, mas anjos.

  1. A lenda da panela do Panecillo

O Panecillo é uma elevação que está no centro de Quito e tem uma panela no centro. Segundo a lenda, havia uma mulher que levava sua vaca todos os dias ao Panecillo para beber água da panela.

Um dia a vaca se afastou um pouco, a mulher a perdeu de vista e começou a procurá-la por todos os lugares. Ela pensou, então, que seu animal poderia estar na panela, desceu até o fundo e viu que havia um palácio imenso.

Quando as portas do palácio luxuoso abriram, uma princesa saiu e perguntou à mulher a que era devida sua visita. A mulher respondeu que estava procurando sua vaca. A princesa lhe deu uma barra de ouro e disse-lhe para subir.

A mulher agradeceu, começou a subir e quando chegou lá em cima, viu que a vaca estava ao lado da panela.

  1. A lenda do Jembue

Esta é uma lenda dos shuar, um povo nativo que habita na parte equatoriana da floresta amazônica.

A história conta que quando ninguém conhecia o fogo, as pessoas não podiam cozinhar ou iluminar casas à noite. Mas havia uma mulher e um homem que tinham uma fogueira em sua casa e não queriam compartilhá-la com ninguém. Para que ninguém a levasse, um dos dois sempre ficava na cabana.

Um dia a mulher estava colhendo frutas, viu um jembue (um beija-flor) no chão e agarrou-o com as mãos. O pássaro disse que tinha as asas molhadas, que estava com frio e não podia voar. Ela tomou a decisão de ajudá-lo, levou-o para casa e colocou-o ao lado da fogueira para que não sentisse frio e para se secar. O homem ficou bravo porque a mulher dividiu o fogo com outro ser, o pássaro se assustou e voou.

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Giani, Carla. Lendas equatorianas. Enciclopédia de Exemplos, 2025. Disponível em: https://www.ejemplos.co/br/lendas-equatorianas/. Acesso em: 31 de janeiro de 2025.

Sobre o autor

Autor: Carla Giani

Formação Superior em Letras (Universidad de Buenos Aires).

Traduzido por: Cristina Zambra

Licenciada em Letras: Português e Literaturas da Língua Portuguesa (UNIJUÍ).

Data de publicação: 24 de janeiro de 2025
Última edição: 24 de janeiro de 2025

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