10 Exemplos de
Lendas infantis

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Índice

As lendas infantis são aquelas narrativas que incluem eventos fantásticos e foram adaptadas para serem lidas ou ouvidas por crianças.

As lendas são relatos anônimos, transmitidas oralmente, que se originaram para explicar vários fenômenos, responder perguntas ou transmitir ensinamentos.

Embora estas histórias incluam seres, eventos ou lugares maravilhosos ou extraordinários, geralmente mencionam lugares, datas ou personagens que existem ou existiram na realidade. Além disso, muitas pessoas acreditam que são histórias verdadeiras.

As lendas infantis são contadas ou lidas em ambientes familiares, comunitários ou educacionais para transmitir crenças e tradições e para incentivar a imaginação, a criatividade e a compreensão auditiva ou de leitura.

Características das lendas infantis

  • Temas. Os temas das lendas infantis são a origem de animais, plantas, tradições ou fenômenos naturais, valores, família, amizade, entre outros.
  • Personagens. As personagens das lendas infantis são animais, pessoas comuns, deuses e seres fantásticos.
  • Lugares. Os lugares onde se passam as lendas infantis podem ser o campo, a floresta, a cidade, a selva, entre outros. Quase sempre se referem a um lugar que existe ou existiu na realidade.
  • Tempo. As lendas infantis narram eventos que ocorrem em um período histórico real, ou seja, não mítico, embora em alguns casos não seja feita referência a uma data exata.
  • Finalidade. A finalidade das lendas infantis é transmitir um ensinamento ou uma moral, ou entreter.
  • Adaptação. As lendas infantis são adaptadas para que tenham estruturas e temas adequados às crianças. Por exemplo, os finais trágicos podem ser alterados ou pode ser feita uma versão mais curta de uma lenda mais longa.

Exemplos de lendas infantis

  1. A lenda da erva-mate

Esta lenda guarani conta a história da origem da erva-mate, uma infusão consumida em muitos países da América do Sul. Conta-se que Jaci, a deusa da lua, queria ver a terra, pois só podia vê-la dos céus. Não querendo ir sozinha, pediu a sua amiga Araí, a deusa das nuvens, que a acompanhasse na viagem.

Antes de partir, as duas se transformaram em mulheres, para que ninguém percebesse quem elas realmente eram. Desceram à Terra, viajaram por campos, florestas, selvas, lagos, rios e mares e ficaram maravilhadas com tudo o que viram.

Como estavam exaustas de tanto caminhar, sentaram-se para descansar sob uma árvore, mas não perceberam que uma onça-pintada estava escondida entre as plantas. O animal saltou para atacá-las, mas se assustou com o som de uma flecha disparada por um caçador e fugiu.

As duas deusas agradeceram ao homem, que as convidou para ir à sua casa para que pudessem comer e descansar com tranquilidade. No dia seguinte, elas se despediram do caçador e de sua família e voltaram para o céu.

Algumas semanas depois, Jaci desceu à Terra novamente para dar uma planta, a erva-mate, ao seu novo amigo e explicou como ele deveria usá-la para beber. O homem, agradecido, disse-lhe que a compartilharia com sua família e amigos.

  1. A lenda do pica-pau

Esta lenda pertence aos onas, um povo nativo da Terra do Fogo, Argentina, e explica como o primeiro pica-pau foi criado. Conta-se que Kákach, um jovem guerreiro corajoso, um dia foi buscar água no único lago da região e viu uma mulher gigante bebendo na margem.

Quando retornou à sua tribo, foi informado de que a mulher era Taita, uma bruxa maligna e muito perigosa. Neste meio tempo, a mulher gigante havia cercado o lago com árvores para que ninguém mais pudesse se aproximar.

Alguns batedores da tribo foram até o lago, viram o que havia acontecido e voltaram para dizer aos outros que, se não agissem logo, ficariam sem água para beber.

Mas Kákach decidiu agir sozinho: como era seu costume antes de lutar, pintou seu corpo de preto e sua cabeça de vermelho e foi procurar a bruxa. Subiu nas árvores ao redor do lago e, depois de uma longa luta, conseguiu derrotar sua feroz inimiga. Em seguida, retornou ao seu povo, que lhe agradeceu por seu grande feito e por tê-los salvado.

Acredita-se que, antes de morrer, a bruxa lançou um feitiço sobre o guerreiro, pois, com o tempo, o jovem começou a ficar menor e com penas, até que finalmente se transformou no pica-pau.

  1. A lenda do fogo

Esta lenda dos huichol, um povo nativo do México, explica como o fogo surgiu. Há muito tempo, as pessoas não sabiam como fazer fogo e, por isso, não podiam cozinhar alimentos ou ter luz à noite.

Tudo mudou um dia quando um raio atingiu uma árvore e produziu uma chama que cresceu. Os inimigos dos huichóis perceberam a importância deste elemento e não queriam compartilhá-lo com ninguém, por isso se revezavam para que ninguém se aproximasse do fogo.

Contudo, os huichóis também tinham amigos; o coiote, o veado, o tatu, a iguana e o gambá elaboraram um plano para pegar fogo. Primeiro o coiote tentou, mas foi descoberto. Em seguida, os outros animais tentaram, mas também não conseguiram.

Só restou o gambá. Esta pequena ficou perto dos homens que guardavam o fogo e, como eles viram que ela era inofensiva, não se preocuparam com ela. Em uma manhã bem cedo, a amiga dos huichóis percebeu que os sentinelas haviam adormecido, então ela se aproximou da fogueira e pôs a cauda no fogo.

Foi rapidamente ao acampamento dos huichóis e disse-lhes para trazerem pedaços de madeira para acender com sua cauda. Os homens e as mulheres agradeceram à amiga pela ajuda e ficaram muito felizes, pois não teriam mais medo à noite nem frio no inverno.

  1. A lenda do lagarto

Esta lenda mexicana explica por que os lagartos voltam a crescer suas caudas. Há muito tempo, os humanos caçavam lagartos para se alimentar, mas, ao contrário de outros animais, eles não tinham como se proteger destes ataques.

Um dia, todos os lagartos se reuniram para encontrar uma solução para este problema. Foram conversar com outros animais para perguntar como eles se defendiam dos caçadores.

O jaguar lhes disse que se defendia com suas garras e seus rugidos. Os macacos, com seus gritos e sua capacidade de pular e escapar rapidamente. Os javalis, com suas presas e por andar como rebanho.

Todos os animais aconselharam os lagartos a falar com o Senhor das Montanhas, pois ele lhes havia concedido estes dons. Então, os pequenos répteis foram procurá-lo e ele lhes disse que não poderia lhes dar presas ou garras, mas que poderia fazer com que suas caudas crescessem se um humano as cortasse.

Eles ficaram muito gratos por isso e conseguiram sobreviver a vários ataques.

  1. A lenda da sakura

Esta lenda conta a história da origem da sakura ou flor de cerejeira japonesa. Diz-se que, na Idade Média, havia uma árvore em uma floresta que não florescia. Então, uma fada lhe propôs que a transformaria em um ser humano por vinte anos e que, somente se ela encontrasse o amor verdadeiro, belas flores cresceriam nela.

A árvore aceitou, ele se tornou um homem e, um dia, perto de um riacho, conheceu Sakura, uma jovem por quem se apaixonou perdidamente. Ele se aproximou dela, apresentou-se como Yohiro e a ajudou a carregar água para sua casa.

Nos dias seguintes, Yohiro e Sakura passaram muitas horas conversando e caminhando. Uma tarde, ele confessou que era uma árvore e que estava apaixonado por ela, mas a jovem não lhe respondeu absolutamente nada.

Yohiro ficou muito triste, voltou para a floresta e retornou à sua forma original. Mas uma dia Sakura saiu a procurá-lo. Quando o viu, ela o reconheceu, abraçou-o e disse que o amava. A fada apareceu e perguntou à mulher se ela queria se fundir para sempre com Yohiro. A jovem respondeu que sim e, graças a um feitiço, os dois jovens se tornaram um só e a árvore ganhou flores.

  1. A lenda do tempo

Esta lenda tradicional chinesa narra eventos que servem para refletir sobre a passagem do tempo. Certo dia, um fazendeiro estava arando a terra com seu filho. O garotinho disse:

— Pai! O cavalo fugiu! É uma desgraça.

— Meu filho, ainda não sabemos se é uma desgraça. — Respondeu o pai.

O garoto pensou no que o pai havia dito. No dia seguinte, quando os dois estavam trabalhando no campo, o cavalo que tinha ido embora apareceu, mas acompanhado de outro.

— Pai! Que boa sorte! Agora temos dois cavalos. — disse o filho.

— Por que você diz que é boa sorte? Ainda não sabemos. — Respondeu o pai.

À tarde, o garotinho tentou montar no novo cavalo, mas caiu, machucou a perna e teve de passar vários dias de cama. Um dia, seu pai lhe trouxe o almoço e o menino lhe disse:

— Pai, que infortúnio. Não vou poder andar por vários dias.

— Filho, ainda não sabemos se é um infortúnio. — Respondeu o pai.

Uma semana depois, os soldados do rei foram à casa dos camponeses e perguntaram se havia ali algum jovem que pudesse ir para a guerra. O pai explicou que seu filho havia sofrido um acidente e não podia se alistar no exército. Naquele momento, o menino percebeu que sempre é preciso esperar para determinar se um evento é infortúnio ou boa sorte.

  1. A lenda das duas lagoas

Esta lenda conta como surgiram duas lagoas no Uruguai. Conta-se que, há muito tempo, em um vilarejo, viviam dois irmãos que eram pessoas muito boas e trabalhavam na mesma fazenda.

Ambos estavam apaixonados pela mesma mulher, apesar de nenhum deles saber que o outro sentia o mesmo. Certa tarde, o irmão mais velho foi até a casa dela, confessou seu amor e disse a ela que fugissem juntos. A jovem concordou.

Quando o irmão mais novo descobriu, ficou com muito ciúme e foi procurar o casal. Passou por muitos lugares com seu cavalo até que finalmente os encontrou e disse a seu irmão:

— Você roubou a mulher por quem estou apaixonado!

— Eu não a roubei, não sabia que você sentia isso por ela. — replicou o irmão mais velho.

E os dois começaram a brigar. A jovem, muito assustada, montou em seu cavalo e foi até a aldeia pedir ajuda, mas já era tarde demais, os irmãos estavam gravemente feridos. Antes de morrer, se agarraram nos braços um do outro, pediram perdão e, alguns segundos depois, transformaram-se em duas lagoas separadas por uma estreita estrada de terra.

  1. A lenda das formigas e o tesouro

Esta lenda africana nos permite refletir sobre amizade, generosidade e humildade. Conta-se que em um vilarejo viviam dois homens, um muito pobre, mas muito bondoso, e o outro muito rico, mas muito egoísta.

As formigas tinham muita amizade com o primeiro homem, porque ele cuidava delas e as alimentava, e decidiram ajudá-lo. O plano era fazer um túnel ligando as casas dos dois homens para transportar as pepitas de ouro do homem rico para a casa do homem pobre.

Alguns dias depois, o homem pobre viu que muitas pepitas de ouro haviam aparecido embaixo de sua cama e pensou que fossem um presente dos deuses. Mas o homem rico percebeu que seu tesouro estava faltando e começou a investigar o que poderia ter acontecido. Finalmente, ele encontrou a entrada do túnel. Então, pediu ajuda aos vizinhos e disse-lhes que deveriam procurar em todas as casas até encontrarem uma com um buraco profundo.

O homem rico encontrou o buraco na casa do homem pobre e o acusou de roubo. Todos os aldeões concordaram que deveriam trancar o suposto ladrão em uma prisão de madeira.

As formigas ouviram o que havia acontecido e ficaram muito tristes, mas elaboraram outro plano para ajudar seu amigo. Pegaram as pepitas de ouro, levaram-nas para a prisão e comeram a madeira para que o pobre homem pudesse escapar. Ele lhes agradeceu e achou melhor fugir com o tesouro e começar tudo de novo em outro lugar.

Ele lhes agradeceu e achou melhor fugir com o tesouro e começar tudo de novo em outro lugar.

  1. A lenda do hipopótamo e da tartaruga

Esta lenda nigeriana explica por que os hipopótamos passam a maior parte do dia na água. Há muito tempo, os hipopótamos costumavam passar o tempo todo em terra e as tartarugas tinham medo de serem esmagadas por estes animais grandes.

Um dia, o líder da manada de hipopótamos organizou um banquete e convidou todos os animais. Quando o banquete começou, disse aos convidados:

— Vocês só poderão comer se disserem qual é o meu nome.

Os animais não responderam, pois não sabiam qual era o nome. Então o hipopótamo fez uma sugestão:

— Bem, na próxima semana darei outro banquete, mas vocês só poderão comer se descobrirem o meu nome. Além disso, se disserem meu nome, poderão me pedir o que quiserem.

No dia seguinte, uma das tartarugas, a mais esperta, cavou um buraco perto de onde estavam os hipopótamos e subiu nele, mas deixou sua carapaça um pouco para fora. Os hipopótamos começaram a andar, um deles bateu em sua carapaça e gritou:

— Ai! Istantim! Que dor! Machuquei minha perna nesta pedra!

Alguns dias depois, o hipopótamo fez o banquete e, quando os convidados chegaram, lhes perguntou:

— Alguém sabe meu nome?

— Sim, seu nome é Istantim. — Respondeu a tartaruga.

— Mas… como isso é possível?

— Não importa. Agora todos nós podemos comer e você e sua manada irão viver no lago.

E, a partir de então, os hipopótamos passam mais tempo na água do que na terra.

  1. A lenda da cor dos pássaros

Esta lenda hindu explica por que os pássaros têm cores diferentes. Há muito tempo, todos os pássaros eram marrons, mas eles não gostavam disso. Então, foram até a Mãe Natureza para pedir que ela mudasse suas cores. Ela respondeu que sim, mas cada um tinha que escolher como ficaria.

Um a um, os pássaros lhe disseram as cores que queriam. A Mãe Natureza os pintou e, quando achou que havia terminado, percebeu que o pardal ainda estava marrom e que não havia mais tinta.

O passarinho começou a chorar, pois seria o único a não ter nenhuma cor especial. A Mãe Natureza estava desesperada, mas, de repente, viu que havia uma gota de amarelo em um pincel, pegou-a e colocou-a na cabeça do pardal, que ficou muito feliz.

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Referências

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  • Bosch, V. G. y Rubio Amador, R. (2009). La selección de cuentos y leyendas en el aula de infantil y primer ciclo de primaria: algunos ejemplos prácticos. Edetania, 36, 55-64.
  • Rosalía, P. y Rionda, P. (2015). Apuntes para jornadas: La revalorización de las tradiciones orales como estrategia educativa. Relatos del Viento.
  • Vidal de Battini, B. E. (1984). Cuentos y leyendas populares de la Argentina. Tomos VII y VIII. Ediciones Culturales Argentinas.

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Giani, Carla. Lendas infantis. Enciclopédia de Exemplos, 2025. Disponível em: https://www.ejemplos.co/br/lendas-infantis/. Acesso em: 27 de janeiro de 2025.

Sobre o autor

Autor: Carla Giani

Formação Superior em Letras (Universidad de Buenos Aires).

Traduzido por: Márcia Killmann

Licenciatura em letras (UNISINOS, Brasil), Doutorado em Letras (Universidad Nacional del Sur).

Data de publicação: 22 de janeiro de 2025
Última edição: 24 de janeiro de 2025

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