Neurose e psicose são termos utilizados em diferentes disciplinas que estudam a mente humana, como a psiquiatria, a psicologia e a psicanálise, para se referir às estruturas psíquicas. As estruturas são formas em que o psiquismo se ordena e se constitui. Percebem como uma pessoa se relaciona com o mundo e como seus sintomas são configurados. São determinadas pela posição que se adota frente ao mundo. Não é o sintoma em si, mas a estrutura que molda os sintomas. Por exemplo: uma pessoa neurótica pode delirar, mas não é o mesmo que o delírio de uma pessoa psicótica.
A neurose é um conflito entre o sujeito e os seus desejos, no qual a pessoa se defende da possibilidade de gozo. Supõe um conjunto de transtornos nervosos caracterizados pela ansiedade e pela insatisfação. É a estrutura mais comum na sociedade. Por exemplo: distúrbios depressivos, transtornos de ansiedade, distúrbios do sono.
A psicose é um estado mental de perda de contato com a realidade circundante. Isto pode significar alucinações, delírios, mudanças de personalidade ou períodos de pensamento fragmentado. Por exemplo: esquizofrenia, transtorno delirante, transtorno psicótico breve.
Tanto a neurose e a psicose como a perversão (terceira estrutura) são excludentes e irreversíveis: não é possível passar de uma estrutura para a outra.
- Veja também: Id, superego e ego
Diferenças entre neurose e psicose
Neurose | Psicose |
---|---|
O conflito se estabelece entre o ego e a busca de satisfação (id). O eu põe-se ao serviço da consciência moral (superego) e da realidade para limitar o gozo. | O conflito se estabelece entre o ego e o mundo. O ego se afasta da realidade, põe-se ao serviço do id e recria a realidade. |
Seu mecanismo básico é a repressão. | Seu mecanismo básico é a projeção. |
É expressada na histeria (distúrbios no corpo), obsessão (distúrbio do pensamento) e a fobia (expulsão e retorno como perigo). | É expressada na esquizofrenia (fragmentação do corpo) e na paranoia (delírio de perseguição, de ciúmes, erotomania). |
Evita a satisfação plena. | Atribui os seus pensamentos a algo exterior. |
Pode reconhecer os seus sintomas. | Não reconhece os seus sintomas. |
Apresenta: medos, insegurança, instabilidade emocional, preocupações excessivas, rituais repetitivos. | Apresenta: alucinações, delírios, pensamentos confusos, alterações do comportamento. |
Exemplos de neurose
- Transtornos depressivos. São episódios de perda de interesse e sentimentos de tristeza leves, moderados ou graves. Por exemplo: períodos de fadiga, impotência, desesperança.
- Transtornos de ansiedade. São estados nos quais o pensamento é indetectável e acarreta consigo sensações de angústia. Por exemplo: fobias, transtorno obsessivo-compulsivo, estresse pós-traumático, transtornos de ansiedade generalizada.
- Transtornos dissociativos. São condições nas quais se interrompe a conexão entre a consciência, a percepção, os sentimentos e a memória. Por exemplo: amnésia, confusão sobre a própria identidade.
- Transtornos de sintomas somáticos. São sintomas vinculados com a percepção alterada do corpo que geram desconforto físico. Por exemplo: hipocondria, somatização.
- Distúrbios do sono. São dificuldades relacionadas com o sono. Por exemplo: insônia, sonambulismo, dificuldade para dormir.
- Transtornos sexuais. São problemáticas ligadas à atividade sexual. Por exemplo: disfunções (impotência, vaginismo), parafilias (exibicionismo, voyeurismo ou mixoscopia).
- Transtorno de controle de impulsos. São estados em que o sujeito não consegue deter certos comportamentos que têm consequências negativas ou são prejudiciais. Por exemplo: cleptomania, jogo, piromania, tricotilomania.
- Transtorno obsessivo-compulsivo. Apresenta sintomas que envolvem pensamentos ou imagens mentais indesejáveis, bem como temores que provocam a necessidade de realizar determinados atos. Por exemplo: acúmulo de objetos, repetição de palavras, lavagem de mãos constante.
- Transtornos de ansiedade fóbica. Trata-se de patologias causadas por um fato externo ou por um elemento inofensivo, como um animal ou um objeto específico, que a pessoa considera ameaçador. Por exemplo: medo de sujeira, medo de gatos, medo do escuro.
- Distúrbios anímicos. São as condições associadas com altos e baixos de emoções e afetividade. Há períodos de tristeza profunda com estados de euforia. Por exemplo: bipolaridade, alguns transtornos depressivos, mania.
Exemplos de psicose
- Esquizofrenia. É o padecimento crônico de um conjunto de transtornos mentais graves, que impedem o normal funcionamento da psique, alteram a percepção da realidade e propiciam uma desorganização neuropsicológica profunda.
- Transtorno esquizofreniforme. É reconhecível por apresentar muitos dos sintomas da esquizofrenia, mas estes só duram entre um e seis meses.
- Transtorno esquizoafetivo. É a combinação de estados frequentes de episódios de preocupação excessiva, depressão ou bipolaridade com alucinações auditivas, delírios paranoicos e uma importante disfunção social e ocupacional.
- Transtorno delirante. É o aparecimento de ideias delirantes “não estranhas” (que poderiam acontecer na realidade, como ser perseguido), muitas vezes envolvendo alucinações auditivas, olfativas ou táteis ligadas à ideias paranoicas.
- Transtorno psicótico compartilhado. É o aparecimento de uma crença paranoica ou delirante que aflige de forma similar a dois ou mais indivíduos, em uma sorte de contágio.
- Transtorno psicótico breve (TPB). É o aparecimento súbito de sintomas, como alucinações e delírios, que começa abruptamente e dura entre um dia e um mês.
- Catatonia. É a manifestação de irregularidades nas funções motoras associadas com sintomas de esquizofrenia.
- Transtorno da personalidade esquizoide. É uma condição que apresenta isolamento social severo e restrição da expressão emocional, ou seja, extrema frieza e desinteresse pelas outras pessoas.
- Transtorno psicótico induzido por substância/medicação. É o aparecimento de sintomas após a exposição a drogas alucinógenas, drogas intensas ou intoxicações graves.
- Transtorno psicótico devido a outra condição médica. É o aparecimento de sintomas como consequência de doenças orgânicas, como tumorações cerebrais, infecções ou traumatismos.
- Continue com: TDAH (sintomas e sinais)
Referências
- Freud, S. (1923). Neurosis y psicosis. En Obras completas, vol. XIX. Amorrortu.
- Manrique-Castaño, D. y Londoño-Salazar, P. (2012). De la diferencia en los mecanismos estructurales de la neurosis, la psicosis y la perversión. Revista de Psicología GEPU, 3(1), 127-147. https://revistadepsicologiagepu.es.tl/
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