50 Exemplos de
Rima assonante (ou imperfeita)

A rima é a repetição dos sons finais das palavras a partir da última vogal acentuada em dois ou mais versos ou em um enunciado. A rima assonante, também chamada imperfeita ou ainda toante, é aquela em que se repetem as vogais, e, pelo menos, uma consoante difere. Por exemplo: barco – branco, lobo – arroio, chuva – turva.

A rima assonante se diferencia da rima consoante, que é aquela que se produz quando coincidem tanto as vogais como as consoantes. Por exemplo: ouvido– ruído, amor – sabor, canção – coração.

Onde as rimas são utilizadas?

Já que se trata de um recurso que dá ritmo e musicalidade à mensagem, a rima se associa com a estética dos textos, e não com a gramática. É por isso que frequentemente é encontrada no gênero lírico. Por exemplo: Mata sua luz um fogo abandonado./Levanta seu canto um pássaro apaixonado (Alejandra Pizarnik).

De qualquer forma, embora seja um elemento característico da poesia tradicional, as rimas podem ser encontradas em outros gêneros literários, como em canções infantis, trava línguas, enigmas, provérbios e ditos populares. Por exemplo: rei morto, rei posto.

Exemplos de rimas assonantes

  1. consulta – pergunta
  2. madura – captura
  3. vista – prisma
  4. touro ogro
  5. valentealegre
  6. infinita – brisa
  7. bolha – onda
  8. mente – reluzente
  9. agora – paródia
  10. tortura – pelúcia
  11. chefe – mestre
  12. voz – flor
  13. fortuna – moribunda
  14. galinha – sapatilha
  15. tranquilo – grito
  16. verdade – idade
  17. trabajoacaso
  18. Hugo – mundo
  19. pedra – bandeira
  20. trigo – unidos
  21. escrita – murcha
  22. asco – opaco
  23. torta – horda
  24. visita – saída
  25. mel – Manuel
  26. dúvidas – plumas
  27. terra – novela
  28. princesa – asteca
  29. tesouro – besouro
  30. sentido – tiro

Lembre-se: Nas rimas assonantes, devemos levar em consideração os seguintes casos especiais:

  • Nas palavras proparoxítonas, pode-se levar em conta as vogais da sílaba tônica e da última sílaba, e não contemplar as vogais intermediárias. Assim, “cântaro” estabelece rima assonante com “santo”, no a e no o.
  • Nos ditongos, a vogal átona pode ser omitida e apenas levar em conta a vogal tônica. Assim, “pátria” estabelece rima assonante com “alma”, nos dois a.

Mais exemplos de rimas assonantes

Rimas assonantes na poesia

Sua pupila é azul e quando você ri,
sua clareza suave me recorde
o brilho da manhã
que no mar se reflete.

Sua pupila é azul e, quando você chora,
as lágrimas transparentes nela
tenho gotas de orvalho
sobre uma violeta.

Sua pupila é azul, e se em seu fundo
como um ponto de luz irradia uma ideia,
me parece no céu da tarde
uma perdida estrela.

Gustavo Adolfo Bécquer (Rima XIII)

Os pequenos caminhos brancos
se cruzam e se afastam,
procurando os dispersos locais
do vale e da serra.
Os caminhos dos campos…
Não consigo andar com ela!

Antonio Machado (fragmento de “Caminhos”)

Do luto da minha noite
meu anjo funesto
teceu um véu pesado,
entupido e denso
mais que as sombras
que nos profundos abismos
eternas moram.

Rosalia de Castro (fragmento de “Desolação”)

Amor de minhas entranhas, viva morte,
em vão espero tua palavra escrita
e penso, com a flor que murcha,
que se vivo sem mim, quero perder-te.

O ar é imortal. A pedra inerte
não conhece a sombra, nem a evita.
Coração interior não precisa
O mel frio que a lua derrama.

Federico García Lorca (fragmento de “O Poeta Pede a seu Amor que lhe Escreva”)

O cantor vai por todo o mundo
sorridente ou meditando.

O cantor vai sobre a terra
em branca paz ou guerra vermelha.

Nas as costas do elefante
pela enorme Índia alucinante.

Rubén Darío (fragmento de “O Canto Errante”)

Molha em teu pranto de aurora as minhas mãos pálidas,
Molha-as. Assim eu as quero levar à boca,
em espírito de humildade, como um cálice
de penitência em que a minha alma se faz boa…

Manuel Bandeira (fragmento de “Os sapos”)

Ó meu ódio, meu ódio majestoso,
meu ódio santo e puro e benfazejo,
unge-me a fronte com teu grande beijo,
torna-me humilde e torna-me orgulhoso.

Cruz e Souza (fragmento de “Ódio sagrado”)

Nunca eu tivera querido
dizer palavra tão louca:
bateu-me o vento na boca,
e depois no teu ouvido.
Levou somente palavra,
deixou ficar o sentido.

Cecília Meireles (fragmento de “Canção”)

Deste tudo que me lembro,
lembro-me bem de que baixava
entre terras de sede
que das margens me vigiavam.

Rio menino, eu temia
aquela grande sede de palha,
grande sede sem fundo
que águas meninas cobiçava.

Por isso é que ao descer
caminho de pedras eu buscava,
que não leito de areia
com suas bocas multiplicadas.

Leito de pedra abaixo
rio menino eu saltava
saltei até encontrar
as terras fêmeas da Mata.

João Cabral de Melo Neto (Fragmento de “Da lagoa da Estaca a Apolinário”)

Já raro e mais escasso
A noite arrasta o manto,
E verte o último pranto
Por todo o vasto espaço.

Machado de Assis (fragmento de “Stella”)

Onde estão os poderosos?
Eram todos eles fracos?
Onde estão os protetores?
Seriam todos ingratos?

Cecília Meireles (fragmento de “Romance LX do caminho da forca”)

Valera o mesmo na areia
Rija ameia,
Rija ameia construir;
Chega o mar a vai a ameia
Como a areia,
Como a areia confundir.

Machado de Assis (fragmento de “As ventoinhas”)

E foram grandes teus heróis, ó pátria,
— Mulher fecunda, que não cria escravos —,
Que ao trom da guerra soluçaste aos filhos:
Parti — soldados, mas voltai-me — bravos!
E qual Moema desgrenhada, altiva,
Eis tua prole, que se arroja então,
De um mar de glórias apartando as vagas
Do vasto pampa no funéreo chão.

Castro Alves (fragmento de “Quem dá aos pobres, empresta a Deus”)

Guerreiros, ouvi:
Sou filho das selvas,
Nas selvas; cresci
Guerreiros, descendo
Da tribo tupi.

Da tribo pujante,
Que agora anda errante
Por fado inconstante,
Guerreiros, nasci;
Sou bravo, sou forte,
Sou filho do Norte;
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi.

Gonçalves Dias (fragmento de “Meu canto de morte”)

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

Vinícius de Morais (fragmento de “Soneto de fidelidade”)

Quadrinhas populares

As estrelas nascem no céu,
Os peixes nascem no mar,
Eu nasci aqui neste mundo,
Somente para te amar!

E os dois sairão pelo mundo
que é como um jardim
apenas mais largo
e talvez mais comprido
e que não tenha fim.

Eu sou pequeno, me dizem,
e eu fico muito zangado.
Tenho de olhar todo mundo
com o queixo levantado.

Criança tem que ter nome
Criança tem que ter lar
Ter saúde e não ter fome
Ter segurança e estudar.

Quem me dera um guarda-chuva
pequeno como uma luva
Que abrisse sem emperrar
ao ver a chuva chegar!

Rimas assonantes em ditados populares e provérbios

  1. Quem tem boca, vai à Roma.
  2. À noite, todos os gatos são pardos.
  3. Caiu na rede, é peixe.
  4. Cada macaco no seu galho.
  5. Quem não arrisca, não petisca.
  6. Quem conta um conto, aumenta um pouco.
  7. Deus ajuda quem cedo madruga.
  8. Cada cabeça, uma sentea.
  9. Em boca fechada, não entra mosca.
  10. Quem casa, quer casa.

Continue com:

Referências

  • BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 38. ed. Rio de Janeiro: Lucerna e Nova Fronteira, 2015.
  • CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Breve Gramática do Português Contemporâneo. 9. ed. Lisboa: João Sá da Costa, 1996.

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Ribas, Natalia. Rima assonante (ou imperfeita). Enciclopédia de Exemplos, 2024. Disponível em: https://www.ejemplos.co/br/rima-assonante-ou-imperfeita/. Acesso em: 26 de novembro de 2024.

Sobre o autor

Autor: Natalia Ribas

Licenciada em Letras (Universidad de Buenos Aires).

Revisado por: Cristina Zambra

Licenciada em Letras: Português e Literaturas da Língua Portuguesa (UNIJUÍ).

Data de publicação: 22 de maio de 2024
Última edição: 22 de maio de 2024

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