O valor de uso e o valor de troca são conceitos fundamentais na teoria econômica, associados com a teoria do valor e da troca de mercadorias.
- Valor de uso. É a capacidade que tem um bem ou serviço para satisfazer uma necessidade ou proporcionar prazer com a sua posse. É determinado pela vida útil deste produto. Por exemplo: o valor de uso de um cobertor é a sua capacidade de abrigar.
- Valor de troca. É o poder que tem um bem para ser trocado por outros bens ou serviços no mercado. É determinado por sua oferta e demanda. Por exemplo: o valor de troca de um cobertor é o preço a que pode ser comprado ou vendido no mercado.
Para considerar: o valor de uso e o valor de troca de um bem ou serviço podem variar com o tempo e com o lugar. Por exemplo, o valor de uso de um casaco de inverno será maior em um clima frio do que em um clima quente. O valor de troca de um bem ou serviço pode também ser afetado pela oferta e pela procura.
- Veja também: Fenômenos sociais
Exemplos de valor de uso e de valor de troca
Considerar a diferença entre o valor de uso e o valor de troca implica uma interpretação econômica, por isso serão analisados exemplos de valor, esclarecendo como se interpretaria em alguns casos.
Exemplos de valor de uso
- O valor de uso da água potável é alto porque é essencial para a sobrevivência humana ao satisfazer a sede e facilitar a higiene.
- O valor de um medicamento corresponde ao seu consumo pela única vez para ajudar à cura de um padecimento ou doença.
- O valor de uso de uma máquina é a capacidade de produzir sem ser desgastada.
- O valor de uso de um computador será diferente para uma criança do que para um desenvolvedor de software.
- O valor de uso de um vegetal poderá ser o consumo ou a sua utilização na elaboração de outro alimento.
Exemplos de valor de troca
- Uma empresa que fabrica barcos produz duas embarcações em um dia e pode trocar por outra mercadoria que também se produz em um dia, como um automóvel.
- Um computador que alguém já não usa pode ser trocado por uma bicicleta, enquanto o portador da primeira necessita da segunda e vice-versa.
- Um agricultor tem um excedente de batatas e um padeiro tem um excedente de pão, por isso se trocam os produtos.
- Um mecânico tem muita procura, mas pouco tempo livre e um estudante de mecânica tem muito tempo livre e precisa de dinheiro, então o mecânico lhe oferece trabalhar em seu estabelecimento em troca de um salário.
- Uma pessoa precisa de uma máquina de lavar roupa e paga com dinheiro.
Diferenças entre o enfoque clássico e o enfoque marxista sobre o valor
A questão do valor suscitou vários debates na discussão econômica, na medida em que uma grande quantidade de estudiosos da matéria se perguntaram qual era o motivo pelo qual as pessoas decidiam trabalhar e trocar o produto de seu trabalho por outros bens.
Toda a discussão sobre a teoria do valor traz consigo uma série de controvérsias que são estudadas na economia e que muitas vezes têm arestas relacionadas à filosofia.
1. Economia clássica
A teoria da economia clássica, fundamentada por Adam Smith no final do século XVIII, supõe que o trabalho gera valor ao transformar matérias-primas em bens úteis, ou seja, que o valor de um bem é determinado pela quantidade de trabalho que se requer para produzi-lo. As trocas de valor nos bens existem, mas por trás delas está invariavelmente o trabalho depositado para a sua transformação, que é o padrão definitivo e invariável do valor.
Mais tarde, David Ricardo tomou a teoria de Smith e a complementou, considerando que existem dois tipos de bens, aqueles que são reproduzíveis (dependem do trabalho depositado em sua realização) e aqueles que não o são (dependerão da escassez).
Ambos os economistas, no entanto, distinguiram entre a valorização como consumo e a utilização dos bens em relação à valorização para a troca.
2. Correntes alternativas: austríacos e marxistas
A corrente mais ortodoxa econômica que se dedicou ao estudo minucioso do valor é a escola austríaca, pois considera que o valor que os consumidores atribuem ao produto se relaciona com as necessidades, que são em primeira instância individuais e particulares. O valor, para esta corrente, não se produz nem pode produzir: a produção só gera bens que têm valor a partir da consideração que os consumidores fazem deles.
Por sua vez, a teoria marxista, uma das mais importantes do século XIX, tem um olhar sem precedentes sobre o valor. Sustenta que o valor de uma mercadoria deriva do tempo de trabalho socialmente necessário para a produzir, e considera as condições técnicas e sociais predominantes em uma economia determinada.
O valor de uma mercadoria não está simplesmente ligado ao esforço individual do trabalhador, mas às relações sociais e estruturas econômicas mais amplas. A teoria do valor de Marx é parte integral de sua crítica ao capitalismo, que argumenta que o sistema capitalista explora a força de trabalho ao extrair mais-valia (trabalho não remunerado) dos trabalhadores através do processo de produção capitalista.
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Referências
- Sánchez-Serna, A. D. S., & Arias-Bello, M. L. (2012). Concepción de valor y precio desde Aristóteles a los clásicos: una reflexión a la luz de las premisas de valoración de las Normas Internacionales de Información Financiera, NIIF. Cuadernos de contabilidad, 13(33), 433-462.
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